A produtividade agrícola crescente da Argentina exigirá investimentos em larga escala na capacidade de transporte terrestre, disse Roberto Viton, da consultoria agrícola Valoral, ao AgriRisk Forum.
A eleição de Maurício Macri para a presidência da Argentina foi considerada um alento para os produtores, uma vez que ajudará a impulsionar as exportações agrícolas a longo prazo, disse Viton.
A administração de Macri removeu taxas e cotas de exportação para uma gama de commodities – mas as taxas para a soja ainda estão para ser reduzidas, o que deve ocorrer nos próximos anos.
Por outro lado, a desvalorização da moeda melhorou os rendimentos dos produtores, incentivando a produção e as exportações.
Aumento da produção
Especializada no agronegócio sul-americano, a Valoral espera que a produção agrícola aumente com essa mudança de regime.
Para Viton, o número total de produção de soja pode subir para 60 a 65 milhões de toneladas nos próximos 5 a 10 anos, comparando com uma produção atual de 57 milhões de toneladas.
A produção de milho deverá atingir mais de 40 milhões de toneladas durante o período, 40% a mais em relação aos níveis do ano passado.
O trigo, por sua vez, também se beneficia desse novo ambiente. Deverão ser 1 milhão de hectares a mais neste mesmo período, com a produção chegando a 15 a 20 milhões de toneladas.
À medida em que a terra arável se expande no país e também com o rendimento sendo impulsionado por novas tecnologias de sementes e mais uso de fertilizantes, o rendimento dos agricultores, assim, deve melhorar.
Gargalo logístico
No entanto, esses novos volumes deverão aumentar a capacidade de transporte de grãos no país. Mas a logística continua a ser um grande obstáculo na cadeia de valor do agronegócio local.
Em entrevista para o site Agrimoney, Viton disse que, embora os portos possam comportar esses volumes, o transporte terrestre terá que ser expandido.
São planejados cerca de US$16 bilhões em investimentos em sistemas rodoviários e ferroviários, o que aumentará a conexão entre os dois sistemas.
Os rendimentos agrícolas ao norte do país continuam sendo menores por conta dos custos com o frete, limitando os benefícios do aumento das importações aos produtores.
Viton acredita que uma solução seria o aumento da produção pecuária ao norte, o que aumentaria a quantidade de colheita consumida localmente.
Fonte: Agrimoney