Deficiências e investimentos do sistema ferroviário gaúcho foram temas de discussão na sede da Farsul nesta quinta-feira (14/12). A diretoria da Federação recebeu o vice-presidente da empresa Rumo, Darlan De David, que possui a concessão do serviço no Rio Grande do Sul, além de operadores de carga, parlamentares, representantes do governo e de outros setores produtivos do estado. Após o sucateamento das linhas, a empresa acena não apenas com o interesse na recuperação, mas de melhoria no sistema de transporte.
Para o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, a logística é o fator que pode tornar o Rio Grande do Sul ainda mais competitivo.
- Já o somos sem infraestrutura, imagina se tivéssemos? Estamos transferindo muito do lucro do produtor rural apenas para transporte da produção, o que é muito deficitário – afirma.
A companhia já atua no estado há aproximadamente dois anos e meio. Nesse período investiu cerca de R$ 150 milhões na busca pela melhoria dos serviços, conforme David. Ele destaca que desde 2005 não era feito nenhum tipo de aplicação na prestação do serviço e que o movimento já trouxe resultado. A decisão foi de trabalhar os gargalos, indo dos mais fáceis para os mais difíceis. Especialmente no Rio Grande do Sul e no Paraná com o objetivo de dar uma resposta especial ao setor produtivo de grãos.
O primeiro passo foi a manutenção de linhas e locomotivas que parece ter dado bom resultado.
- Este ano conseguimos passar de 2,4 para três milhões de toneladas, um aumento de 34%. Mas é um número pequeno frente a produção expressiva do Rio Grande do Sul, falamos de um universo de 20 milhões de toneladas – avalia David.
Para ampliar ainda mais a capacidade do modal aponta de atender entre 45% a 50% da produção do agronegócio, meta da empresa, ele defende que a concessão tenha sua renovação antecipada. O atual contrato vai até 2027 e o pedido é de mais 30 anos, para garantir o retorno dos investimentos feitos.
A Rumo considera o apoio da Farsul importante para a conquista do novo prazo. A ideia é vista com bons olhos pela Federação, entretanto, é necessário clareza nas propostas, como alerta o diretor da entidade, Luiz Carlos Nemitz.
- Nós entendemos que para haver investimentos pesados na ferrovia há a necessidade da ampliação do contrato, mas não apoiaremos essa renovação enquanto não houver, de forma muito clara, quais serão os investimentos da companhia. Precisamos saber certo e ter alguma garantia do quanto vão investir, onde e quando – ressalva.
O dirigente reforça que a preocupação da Farsul é com os custos de produção e que as questões ligadas a logística pesam cada vez mais no bolso do produtor.
- O modal rodoviário está sobrecarregado. Podemos deixar boa parte disso para ferrovias e hidrovias. A Rumo assumiu a concessão e está fazendo uma reestruturação. Nós, como setor produtivo, temos pressa em ver isso se desenvolver da melhor forma possível – avalia. – Nós estamos tentando oportunizar o debate entre os operadores de carga e o detentor dela para poder viabilizar um pouco melhor isso – completa.
Durante a reunião, ficou acertado a divisão do estado em três áreas para melhor avaliar as demandas e investimentos necessários. A região norte, que possui o maior volume de carga por ser responsável pela maior parte da produção de grãos. O polo metal mecânico que abrange especialmente Caxias do Sul e arredores. A terceira região é a fronteira oeste e sul, onde há um aumento de produção nos últimos anos carecendo de novos terminais de embarque.
Fonte: Farsul