Com a colheita de soja quase no fim no Sudeste, já é possível afirmar que a safra em Minas será recorde, recompondo as perdas do ano anterior, quando a seca castigou a cultura de verão. O país deve colher, neste ano, 98,9 milhões de toneladas da oleaginosa, o que corresponde a quase 50% da produção nacional de grãos. Em Minas, o avanço foi de 30% frente aos registros de 2015. O estado deve colher 4,7 milhões de toneladas da commodity.
Com preços firmes, o produtor que conseguiu fechar suas compras a um câmbio favorável vai ter maior lucratividade. Apesar de haver estoques do produto na China, principal comprador do grão brasileiro, especialistas acreditam que a previsão de modesta redução da área plantada nos Estados Unidos (EUA) pode garantir preços firmes ao longo deste ano.
Cerca de 50% da produção brasileira é exportada, mas o mercado interno é forte consumidor do produto, transformado principalmente em óleo de soja. Pierre Vilela, analista do setor e superintendente do INAES diz que no mercado interno os preços estão bem parecidos com aqueles praticados no ano passado, e a saca de 60 quilos vem sendo comercializada por R$ 61. A cotação tende a oscilar entre R$ 60 e R$ 61 neste mês. Apesar da alta dos insumos que acompanham o câmbio, já que mais de 90% dos fertilizantes são importados, os preços estão remunerando a produção.
Mais de 95% da soja brasileira é de origem transgênica e o grão é plantado no sistema de sequeiro, sem irrigação. O clima contribuiu para garantir uma das safras recordes em 2015/2016, o que deve manter em destaque a participação do grão como líder na balança comercial brasileira. Com a safra praticamente colhida, o produtor Claudionor Nunes de Morais, que também é presidente da Comissão de Grãos da Faemg, considera que este ano será o período em que Minas vai recuperar sua posição na produção da soja, depois de o estado ter enfrentado três anos de baixa produtividade.
O câmbio que flutua próximo a R$ 3,70 favorece as exportações e pressiona os custos, já que é dominante a importação dos fertilizantes e defensivos. “Há 15 anos, tínhamos em nossa planilha cerca de 10 produtos, hoje são centenas”, diz Claudionor de Morais, que trabalha a cultura no Triângulo Mineiro. Segundo ele, o setor evoluiu de forma expressiva porque existe grande concorrência mundial e exigência dos compradores; por outro lado, a soja pode garantir boa rentabilidade a quem produz.
Para fechar no azul, as contas devem ser mantidas na ponta do lápis e na vigília constante do orçamento está o crédito. Em plena recessão econômica, o dinheiro encareceu e ficou mais difícil. “Nesta safra, acabei plantando sem ajuda do banco, porque quando liberaram o meu crédito minha lavoura já estava praticamente salva, preferi não usar o recurso”, conta o produtor.
O crédito para produtores contempla mais os pequenos e médios proprietários rurais. O empréstimo destinado à soja está limitado a R$ 600 mil a cada ano agrícola. As taxas de juros começam em 6,5% ao ano, podendo alcançar 13% anuais nos bancos públicos, já que o pacote do financiamento costuma incluir também o seguro rural para o custeio.
O grande sojicultor, por sua vez, tem como recorrer às tradings, (empresas que atuam como intermediárias em processos de exportação ou importação), cujas taxas de juros variam entre 12% e 13,5% ao ano. O risco é de que, no caso dessas instituições, as dívidas são dolarizadas e variam muito no fim do ano agrícola, para mais ou menos, dependendo do movimento da moeda norte-americana. Em Minas, as áreas de maior produtividade estão concentradas no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste. Nesta safra, todos os números são crescentes, a produtividade avançou 19%, a área de plantio, 9% e a produção 29%.
Exportações
Em 2015, o volume que o Brasil exportou de soja em grão cresceu 19% em relação a 2014, alcançando 54,3 milhões de toneladas, ou seja, mais de 50% da safra colhida em 2015, de 96,2 milhões de toneladas. Os embarques de farelo de soja também cresceram, 8%, chegando a 14,8 milhões de toneladas. As exportações representaram recorde na série história da balança comercial do agronegócio, iniciada em 1997. No ano passado, o setor respondeu por 46,2% de tudo o que o Brasil vendeu ao exterior, alta de 7% frente a 2014. A primeira colocação no ranking ficou com o complexo da soja, que fez girar US$ 27,9 bilhões.
Fonte: Estado de Minas
Fonte: Canal do Produtor