Com rebanho superior a 2,8 milhões de de cabeças de gado e fatores favoráveis ao desenvolvimento da bovinocultura, o Noroeste mato-grossense, responsável por quase 10% do rebanho estadual, passará a dividir suas vastas áres de pastagem com a agricultura. Para aumentar a rentabilidade do setor, os produtores da região apostam agora em um novo modelo produtivo, que tem como conceito a integração entre lavoura e pecuária, beneficando os setorores.
Nesta modalidade, os animais contam com uma maior oferta de alimento, rica em valor nutricional. Fator que estimula o ganho de peso – até 8 arrobas por animal –, bem como a ocupação da área de pastagem, que cresce de 1,2 gado por hectare para 7. Depois que o gado é retirado da área, a biomassa da forrageira e o cereal protege o solo e conserva seus nutrientes e a umidade, até que a próxima safra de milho seja plantada.
Deste modo, o gado criado nestes espaços terá rendimento melhor, uma vez que tem acesso a pastagem de melhor qualidade. De acordo com o gerente geral das Fazendas São Marcelo em Mato Grosso, Daniel Eijsink, a novidade, já começa a mostrar bons resultados. "Nosso projeto é fazer o plantio de milho durante três anos para ele pagar a reforma do pasto e termos uma área mais preparada . Como a semeadura foi realizada em fevereiro, a expectativa é dar início à colheita entre maio e junho”, afirma.
A integração agropastoril chegou à propriedade do Grupo JD, localizada em Juruena, neste ano. Dos 25 mil hectares destinados à pecuária de cria, 400 hectares são ocupados pelo o milho. O investimento inicial para deslanchar o projeto demandou investimentos de R$ 1,5 milhão, segundo cálculos do Grupo.
Nesta conta estão relacionadas despesas como o preparo da terra para receber a cultura, além do pacote tecnológico para plantar (insumos, adubos e sementes de milho). O custo de produção/hectare, conforme Eijsink, foi de R$ 3,9 mil.
Na ponta do lápis, estes quase R$ 4 mil/hectare necessários para introduzir a lavoura em terra da pecuária significam gastar 53,5% a mais, se comparado ao custo de produção em fazendas que só praticam agricultura. Pelas contas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, cada hectare de milho semeado nesta safra 2015/2016 custou R$ 2,5 mil/hectare.
Um estudo publicado em 2013 pela então doutoranda Juliana Gil, da Universidade de Hohenheim, em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril e com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mostrou que o Estado conta com cerca de 500 mil hectares com algum sistema integrado de produção. Sendo que 89% (445 mil hectares), é ocupada pela integração lavoura e pecuária. Há ainda presença da integração pecuária floresta (iPF) em 5% da área, 5% com integração lavoura, pecuária e floresta (iLPF) e 1% em integração lavoura e floresta (iLF).
Fonte Original: Olhar Direto
Fonte: Canal do Produtor