drone_portal

JUROS ALTOS E INCERTEZA POLÍTICA AFETAM CAPTAÇÕES DE COMPANHIAS NO MERCADO

Os juros altos e as incertezas políticas e econômicas afetaram a captação de empresas no mercado de capitais. As emissões de títulos privados recuaram 71% no primeiro quadrimestre de 2016 para apenas R$ 14 bilhões, ante igual período do ano passado.Nos últimos dois anos, a participação de debêntures e notas promissórias no volume total da renda fixa reduziu de 16% em abril de 2014 para 15,4% em abril de 2016. Hoje, esses títulos de dívida corporativa somam estoque de R$ 775 bilhões, dentro da marca de R$ 5,035 trilhões em ativos de renda fixa.
Na avaliação de especialistas no mercado de capitais, eventos políticos, como o ocorrido ontem entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, também podem influenciar, daqui para frente, o interesse de investidores estrangeiros por bônus brasileiros.
A tendência de queda nas emissões tende a ser reverter no caso de uma mudança de governo para outro com mais credibilidade. O que aconteceu em Brasília é mais um fator para o investidor estrangeiro não aportar recursos no Brasil , afirmou o economista-chefe e estrategista Paulo Eduardo Nogueira Gomes, da Azimut Brasil Wealth Management.
Enquanto a incerteza política sobre o atual ou um novo governo não se dissipa, o sócio da área de mercado de capitais do escritório Tozzini Freire, Alexei Bonamin, aponta que algumas grandes empresas do setor de commodities podem lançar papéis incentivados, com isenção do imposto de renda para investidores pessoas físicas.
O dinheiro existe. Veremos grandes emissões de CRAs [certificados de recebíveis do agronegócio]. As empresas estão se utilizando de papéis incentivados para pagar juros menores , disse o sócio. Ele citou ofertas de CRAs com taxas entre 96,5% e 98% do DI, referência aos juros dos depósitos interfinanceiros (DI), atualmente em 14,13% ao ano.
Para Bonamin, se um novo governo conseguir resolver a questão fiscal, os fatores macroeconômicos como o agravamento da recessão e reflexo disso no controle da inflação poderão indicar em breve uma redução dos juros (Selic, a taxa básica) na economia.
O mercado vai continuar com a volatilidade. Mas com uma redução dos juros, a captação de recursos tende a melhorar a partir de meados do próximo ano , aponta.
Segundo o professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), José Kobori, neste momento de profunda recessão, nenhuma empresa vai ter a intenção de captar recursos para fazer investimentos.
A necessidade de captar diminuiu muito. Mas se definindo o cenário político, as empresas vão ter um clareamento sobre os juros futuros em projetos de longo prazo e a confiança pode ser retomada , afirma o professor do Ibmec.
Números atuais ruins
O boletim da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgado ontem, relatou que a queda nas captações domésticas tem sido praticamente homogênea entre os diferentes instrumentos.
As emissões de debêntures somaram apenas R$ 885 milhões em abril, ante o volume de R$ 10,716 bilhões em igual mês do ano passado. As ofertas de notas promissórias zeraram no último mês, frente R$ 1,017 bilhão em abril de 2015.
A emissão de direitos creditórios (FIDCS) também ficou restrita a R$ 183 milhões em abril de 2016, volume 83,8% menor que o valor de R$ 1,13 bilhão registrado em igual mês do ano passado. No segmento de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRIs e CRAs) a oferta ficou em R$ 321 milhões no último mês, queda de 66,2% em relação ao montante de R$ 950 milhões registrados em abril do ano passado.
Além da queda do volume do volume das operações, os ativos seguem apresentando deterioração nas características, como a redução no prazo médio, que chegou a 3,2 anos no período , relatou Vivian Corradin, da Anbima.
Outros fatores também interferem nesse pior resultado do mercado de capitais para o primeiro quadrimestre desde 2010. Por causa da Lava-Jato e da Zelotes, os investidores estão pedindo um prêmio maior de empresas envolvidas ou citadas , considerou o economista-chefe Paulo Nogueira Gomes, da Azimut Brasil.
Em linha semelhante, Alexei Bonamin, do escritório Tozzini Freire, diz que se uma empresa envolvida ou citada em alguma operação investigada pela Polícia Federal tiver se explicar muito para captar recursos terá mais dificuldades para atrair investidores. Tem fatores que influenciam. Esses casos podem atrapalhar ofertas ao mercado de capitais , respondeu.
Fonte: DCI

Fonte: Canal do Produtor



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.