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IX CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE ENTOMOLOGIA

Os avanços das pesquisas sobre mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae (Diptera: Tephritidae) no Brasil, praga agrícola com ocorrências registradas nos estados do Amapá e Roraima, serão apresentados durante a programação do XXVI Congresso Brasileiro de Entomologia e IX Congresso Latino-Americano de Entomologia, eventos simultâneos que ocorrem de 13 a 17 de março, em Maceió (AL). A pesquisadora da Embrapa Amapá, Cristiane Ramos de Jesus Barros, vai proferir a palestra nesta quinta-feira, 17/3, no horário das 15h30 às 16h, na Sala Ipioca do Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, local dos eventos.

Os dados a serem apresentados são resultantes de pesquisas realizadas no âmbito do projeto “Mosca-da-carambola no Brasil: biologia, ecologia e controle”, iniciado em 2014 com previsão de término em 2017. Trata-se do primeiro projeto da Embrapa específico para a mosca-da-carambola e os resultados preliminares serão divulgados pela primeira vez em um evento técnico-científico. Os estudos atendem demandas do Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola (PNEMC), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e correspondem ao objetivo estratégico da Embrapa de promover pesquisa para segurança biológica e defesa zoofitossanitária da agropecuária e produção florestal brasileira.

Mosca-da-carambola – A mosca-da-carambola é uma praga quarentenária com presença restrita aos estados do Amapá e Roraima, sob controle oficial do Mapa. Originária do sudeste asiático, é considerada espécie invasora no Brasil, Suriname, República da Guiana e Guiana Francesa. No Brasil, foi registrada em 1996 em Oiapoque, município do extremo norte do Amapá. Embora as ações do PNEMC tenham sido efetivas para o controle e erradicação de focos da praga, permanece alta a pressão de novos indivíduos provenientes dos países de fronteira com Norte do Brasil.

Líder da pesquisa, a pesquisadora Cristiane de Jesus explica que o objetivo geral do projeto é gerar conhecimento da biologia e dinâmica de populações de Bractocera carambolae no Brasil e aplicá-lo para aperfeiçoar as técnicas de controle químico e biológico, e também propor técnicas alternativas para o controle da espécie. A equipe do projeto é composta por pesquisadores de sete Unidades da Embrapa (Amapá, Roraima, Amazônia Ocidental, Semiárido, Uva e Vinho, Clima Temperado e Gestão territorial), que atuam em parceria com o Mapa, Superintendências Federais do Mapa nos Estados do Amapá, Roraima e Pará, Agência de Defesa Agropecuária do Amapá (Diagro), Universidade Federal do Amapá (Unifap), UESC, UFSM e Biofábrica Moscamed. O Comitê Gestor do projeto conta com a participação de representantes do Ministério da Agricultura da Guiana e Suriname.

Entre os principais resultados obtidos até o momento está a lista de hospedeiros da mosca-da-carambola no Brasil, que é atualizada constantemente por meio da coleta de frutos silvestres e cultivados no estado do Amapá. Já foram registradas 14 espécies vegetais hospedeiras, pertencentes a oito famílias botânicas: carambola, goiaba, acerola, biribá, muruci, taperebá, abiu, manga, araçá-boi, sapotilha, jambo vermelho, ajuru, cutite e pimenta-de-cheiro. A pesquisadora elenca ainda a execução de estratégias para monitoramento e controle da mosca-da-carambola, com testes de controle químico, biológico e alternativo para controle da praga nas diferentes fases do seu ciclo de vida, com o objetivo de atingir maior eficiência e minimizar os custos de controle e possíveis impactos ambientais. Outros aspectos a serem abordados são relacionados à criação de mosca-da-carambola em hospedeiros natural e artificial para a produção de insetos a serem utilizados nos experimentos.

Esses resultados preliminares poderão contribuir para adoção de técnicas de redução de possíveis impactos ambientais causados pela utilização de inseticidas químicos, e também contribuir para melhoria da relação custo/benefício das estratégias utilizadas pelo Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola (PNEMC). O Amapá concentra a maioria das pesquisas, que são vinculadas ao Núcleo Temático de Proteção de Plantas e fazem parte da Agenda de Prioridades da Embrapa Amapá. Atuam neste Núcleo Temático uma equipe de profissionais da área de entomologia aplicada, entomologia agrícola, fitopatologia, controle biológico e plantas daninhas. Em Roraima, são realizadas também atividades de levantamento de hospedeiros e flutuação populacional da mosca-da-carambola. Em Boa Vista (RR) foi realizada uma reunião no âmbito do projeto, com a presenças dos líderes de planos de ação, Comitê de pesquisa e coordenação do PNEMC e responsáveis por atividades na Embrapa Roraima, a fim de nivelar os conhecimentos sobre o status da Mosca-da-carambola no Brasil e alinhar as ações de pesquisas.

O projeto remete originalmente à uma reunião técnica realizada em 2012, na Embrapa Amapá, com a presença da coordenadora nacional do PNEMC, Maria Júlia Godoy; dos parceiros locais (Agência de Defesa Agropecuária do Amapá, Superintendência Estadual do Mapa e Universidade Federal do Amapá); e pesquisadores de cinco Unidades da Embrapa (Roraima, Semiárido, Amazônia Ocidental, Gestão Territorial, Uva e Vinho, Clima Temperado).

Barreira fitossanitária para exportações

A mosca-da-carambola é considerada a principal barreira fitossanitária para as exportações da fruticultura nacional. Os principais importadores estabelecem restrições à aquisição de produtos oriundos de países onde ela ocorre. Sua origem foi registrada no sudeste asiático, sendo considerada espécie invasora no Brasil, Suriname, República da Guiana e Guiana Francesa. No Brasil, foi registrada em 1996 em Oiapoque, município do extremo norte do Amapá, onde foi caracterizada como praga quarentenária A2 (atualmente praga quarentenária presente no país). Embora as ações do Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-carambola (PNEMC) tenham sido efetivas para o controle e erradicação de focos da praga detectados no Pará e Roraima, a constante pressão de novos indivíduos dessa praga proveniente de países vizinhos permanece alta.

Apesar da importância dessa espécie para o agronegócio brasileiro, informações sobre a sua biologia e ecologia são praticamente inexistentes, estando os estudos concentrados apenas na utilização de hospedeiros. Diante disso, o projeto liderado pela Embrapa Amapá tem como objetivo elucidar os diferentes aspectos da biologia e dinâmica de populações de B. carambolae no Brasil, visando aplicá-los no aperfeiçoamento de técnicas de controle químico e biológico, assim como propor estratégias de controle alternativos para esta espécie. Sua dispersão para outras regiões frutícolas nacionais poderá trazer sérias consequências não somente sob o ponto de vista econômico, como também ambiental, devido aos efeitos que as medidas de controle adotadas podem causar sobre os recursos naturais, organismos não-alvo e interações biológicas com espécies nativas.

Congressos – O XXVI Congresso Brasileiro de Entomologia e o IX Congresso Latino-Americano de Entomologia são promovidos pela Sociedade Entomológica do Brasil (SEB) e este ano serão realizados pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió, tendo como presidente da Comissão Organizadora, o pesquisador Elio Cesar Guzzo. Os congressos são os principais fóruns de discussão sobre Entomologia na América Latina e os organizadores esperam, com esta integração, propiciar uma oportunidade para a convivência, discussões, e troca de conhecimentos e de experiências entre o maior número possível de entomólogos da América Latina, e também entre participantes de países de outras partes do mundo. A programação técnico-científica é composta de simpósios, mesas-redondas e palestras sobre temas atuais da Entomologia e avanços tecnológicos de interesse para o Brasil, além de apresentações de trabalhos orais e posters, concurso de fotografia e Entomoquiz.

Fonte: Embrapa



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