Os dias quentes, as noites frias e a umidade na terra que ainda resiste são favoráveis para várias culturas, já que reduzem a incidência de pragas. Mas não são todos os segmentos da agricultura que se beneficiam dessa condição. Conciliar as mudanças no clima dos últimos anos e ainda manter a produtividade é o desafio dos produtores rurais.
A falta de chuva prolongada prejudica produtores de culturas que precisam de irrigação – já que o custo da energia elétrica está alto. Sidney Ferreira da Silva, produtor de hortaliças no Champirra que comercializa sua produção diretamente no Entreposto Central de Abastecimento de Jundiaí (Ecaj), teve de reduzir a área plantada de folhosas neste inverno.
- Tivemos prejuízo no ano passado com a estiagem prolongada. Neste ano, apesar de ter chovido um pouco mais, não nos arriscamos. O preço da energia para a irrigação está muito alto. O custo da produção pode subir 100%. Reduzi pela metade a área plantada. Preciso conciliar o custo com a produtividade – disse.
Para Sônia Bonilha, comerciante de frutas, verduras e legumes no Ecaj, o clima tem influenciado na disponibilidade de produtos e nos preços.
- A cebola, por exemplo, subiu demais. Cheguei a pagar R$ 120 o saco de 20 quilos. Nesta semana está R$ 80. Falta produto no mercado, por isso o preço subiu. Houve chuva demais no sul e seca no sudeste em áreas produtoras da cebola – falou.
O aposentado Arnaldo Fermino percebe no bolso o impacto da falta de chuva.
- O quiabo está sendo vendido por R$ 12 o quilo. Dizem que é por causa da falta de chuva. O jeito é comprar o que está mais barato, como as mexericas e laranjas, que estão saindo a partir de R$ 2 a dúzia – diz ele.
A tendência para as próximas semanas, de acordo com o Climatempo, é de que a seca continue. O meteorologista Alexandre Nascimento afirma que até o dia 20 não há expectativa de chuva no Sudeste.
- Jundiaí e região metropolitana de São Paulo estão sentindo o efeito de uma grande massa de ar seco. Este bloqueio atmosférico impede que as frentes frias cheguem com facilidade à região – afirmou.
Segundo ele, a umidade relativa do ar só começará a aumentar na segunda quinzena de setembro e pode até chover.
Hora certa – Para a uva, as temperaturas têm ajudado, pelo menos por enquanto. No ano passado, a falta de chuva prejudicou a safra que, em algumas propriedades, teve perda de 38% na florada. Foi o que aconteceu com os 90 mil pés de niágara que Vanderlei Aranha administra, no bairro do Poste.
- No ano passado faltou chuva e as flores abortaram. Este ano temos 9 mil pés para a primeira poda. Se não chover no período certo, teremos prejuízo novamente – falou.
Neste ano, os milímetros acumulados em pleno inverno ajudam a cultura, que é de raízes profundas, portanto, precisa de umidade no solo.
- Se continuar assim por mais algumas semanas será bom. O que não pode é faltar chuva em setembro – explica ele, que há 20 anos trabalha com a niágara.
De acordo com o engenheiro agrônomo Sérgio Pompermayer, da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Turismo de Jundiaí, os agricultores precisam conviver com as mudanças climáticas.
- Para ajudar a enfrentar as mudanças temos pesquisas de variedades mais resistentes e menos exigentes, como também as tecnologias que reduzem a necessidade de irrigação, proteção etc. Os produtores podem entrar em contato com a secretaria que os técnicos o orientarão sobre as melhores formas de cultivo – avisa.
Fonte: Jornal de Jundiaí