“Há uma luz no fim do túnel esse ano, as águas equatoriais do Pacífico estão num processo de resfriamento e dependendo de quando a região central e leste do Oceano apresentar águas mais frias do que a média, poderá ocorrer um período mais seco.”

INVERNO CHUVOSO

A chuvarada foi o principal empecilho na última safra de inverno no Rio Grande do Sul – o excesso de chuva provocou perdas de produtividade e a maior parte do trigo serviu apenas para ração – essa falta de qualidade afetou em cheio a rentabilidade do triticultor que arcou com os prejuízos da safra. Agora, na época de plantio, o agricultor está com receio: será que o clima vai prejudicar novamente a cultura? Para saber como fica o tempo durante a estação mais fria do ano, o portal Agronovas foi conversar com o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antonio dos Santos, um estudioso do clima no meio rural. Confira a entrevista:

 

 

AGRONOVAS – Como deve ser o clima durante o inverno nos principais estados produtores de trigo do País – Rio Grande do Sul e Paraná?

MARCO ANTONIO - Os modelos de previsão de médio e longo prazo sinalizam que tanto o outono quanto o inverno na região Sul do Brasil deverá ser com chuvas acima da média, principalmente durante o inverno. Ou seja, um clima muito parecido com o registrado em 2014. Isso porque as águas equatoriais do Oceano Pacifico irão se manter com temperaturas acima da média e isso irá favorecer a entrada das frentes frias durante esse período.

 

AGRONOVAS  – No Rio Grande do Sul, a última safra de inverno foi destruída pelo excesso de chuva – tivemos perdas na produtividade e na qualidade do trigo. Neste ano qual é a previsão de chuva nas principais regiões produtoras de trigo?

MARCO ANTONIO - Como os modelos de previsão sinalizam chuvas acima da média ao longo de todo o inverno, no momento da colheita poderá ocorrer períodos de chuvas, provocando perdas, novamente, tanto na produtividade quanto na qualidade. Mas há uma luz no fim do túnel esse ano, as águas equatoriais do Pacífico estão num processo de resfriamento e dependendo de quando a região central e leste do Oceano apresentar águas mais frias do que a média, poderá ocorrer um período mais seco. Mas a tendência é que a colheita venha a ser realizada num período mais chuvoso, novamente.

 

AGRONOVAS  – Outros fatores que influenciam na safra de inverno são a geada e o granizo. Qual é a previsão nesse sentido?

MARCO ANTONIO – Não há como prever esses dois fenômenos com tanto antecedência, mas há previsão de que no final de junho e começo de julho venham a ocorrer os períodos mais frios do ano. Uma vez que uma intensa massa de ar polar deverá avançar pela região e levar ao declínio acentuado das temperaturas mínimas. Não há como prever se essa massa de ar polar irá ter forças para provocar geadas, mas será um sistema que deverá ser muito bem monitorado, pois as chances de que ela venha a causar geadas são grandes. Já na segunda metade do inverno, a probabilidade de ocorrência de geadas diminui muito. Com relação ao granizo, como as previsões indicam chuvas acima da média para o período, não está descartada a possibilidade de ocorrência de geadas, principalmente no mês de junho e final de inverno.

 

AGRONOVAS  – Até o momento o frio praticamente não “deu as caras”. Qual será o rigor deste inverno no Rio Grande do Sul?

MARCO ANTONIO – O frio não será tão intenso, mas haverá boas ondas de frio, só que serão de curta duração, muito parecido como foi o inverno de 2014. Isso poderá trazer problemas não para o trigo, mais para a soja e milho, já que quando não há geadas, não há um controle natural de pragas e ervas-daninhas.

 

AGRONOVAS  – De uma forma geral, será um bom ano para plantar trigo?

MARCO ANTONIO – Então, se as previsões realmente se confirmarem e 2015 tiver um clima muito semelhante ao de 2014, tanto o plantio quanto o desenvolvimento das lavouras de trigo serão beneficiadas, o problema estará, novamente, no momento da colheita. Pois, caso se confirme as previsões, esse período será bem chuvoso, o que poderá levar a novas quebras de produtividade e qualidade. Sabendo que o clima de 2014 poderá se repetir em 2015, os produtores poderão antecipar o plantio, lembrando que há uma boa probabilidade de geadas entre o final de junho e começo de julho, e assim, tentar antecipar a colheita. Fugindo do período chuvoso.

 

 



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