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Influencers do agro levam o cotidiano do campo para as redes

Desde criança, a vida de Cristiano Fankhauser é lidar nas lavouras de grãos e na pecuária leiteira na propriedade da família em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. Em 2019, quando agropecuarista foi um dos finalistas do Programa Empreendedor Rural (PER), do Sistema FAEP/SENAR-PR, se deu conta de que seu cotidiano no campo contém muitas informações técnicas e práticas qualificadas, que poderiam ajudar outros produtores.

Então Fankhauser teve a ideia de usar a internet como meio para propagar seus conhecimentos. Mas com o dia a dia puxado no campo, lhe faltava tempo. Obrigado a se afastar do trabalho por um período, por causa de um problema de saúde, o produtor tirou a ideia do papel. Nascia ali, o canal “Rural Fankhauser”.

“No comecinho de 2021, eu fiquei 21 dias parado por causa de uma cirurgia de apendicite. Aí, aproveitei esse tempo para entender como funcionavam os algoritmos do YouTube e edição de vídeo. Quando voltei ao campo, comecei a gravar e lancei o canal”, conta Fankhauser.

Hoje, o canal tem mais de 5,5 mil inscritos, que compõem um público fiel e cativo. Fankhauser lança um vídeo por semana, sempre aos sábados, abordando algum aspecto da lida na propriedade da família. Há, por exemplo, vídeos ensinando a fazer silagem, explicando como funciona uma maternidade de bezerras e mostrando o plantio e a colheita. Todo o conteúdo é gravado pelo próprio youtuber, em um celular com tripé ou com bastão de selfie. Os vídeos têm, em média, 20 minutos de duração. As sessões de gravação consomem entre quatro a cinco horas. Posteriormente, Fankhauser leva outras 10 horas para editar o material e postá-lo na internet.

“A ideia é mostrar a realidade da nossa produção, compartilhando tudo. É tentar levar uma informação verdadeira, sem filtro, para o pessoal ver como funciona a nossa propriedade, na agricultura e na pecuária de leite, e para quem trabalha no campo ter uma boa fonte de informação”, define o influencer.

Entre os vídeos mais acessados está um em que Fankhauser mostra vacas entrando pela primeira vez em um sistema de compost barn – conteúdo que teve 63 mil visualizações. Outra postagem, sobre silagem de milho, foi assistido por 41 mil pessoas. A média de acessos gira em torno de 4 mil cliques por vídeo. Para o youtuber, o mais importante não é a quantidade de visualizações, mas o fato de ter conseguido manter um público qualificado.

“Eu não faço vídeo para viralizar. Faço para ajudar os produtores rurais. E tenho conseguido chegar neles. Meu canal está bem acima das médias de engajamento de público do YouTube. Todo mundo que assiste comenta no vídeo, compartilha. Virou uma troca de ideias. Eu também aprendo muito pelos comentários que as pessoas deixam”, diz. “O meu modelo é focado no YouTube, porque aposto em um conteúdo mais aprofundado. Então, não funciona em outras redes”, observa.

Para o médio prazo, Fankhauser pensa em promover uma pequena reformulação no canal, a partir de novos quadros sobre tendências na agricultura e tecnologia. O criador de conteúdo – que já começa a ser reconhecido na rua – ressalta que o agro entrou definitivamente para o mundo digital, com conteúdos qualificados à disposição dos produtores.

“Tem muita gente produzindo vídeos bons relacionados à agropecuária. Estou em um grupo com mais de 15 produtores de conteúdo para internet, todos com canais com milhares de inscritos”, recomenda. “Nas casas agropecuárias, sempre tem alguém que me reconhece dos vídeos e vem conversar. É um sinal de reconhecimento do trabalho”, disse.

Peixe no TikTok

Os piscicultores Renata Sanches e Valério Angelozi, da Piscicultura Super Fish, de Primeiro de Maio, Norte do Paraná, vêm mostrando que o TikTok vai além das dancinhas e vídeos engraçados. A conta na rede social foi criada pelo casal no comecinho de junho. O segundo vídeo postado – que mostra a despesca de juvenis de tilápias – viralizou de uma forma que eles nem sonhavam. O conteúdo teve mais de 3,3 milhões de visualizações, 98 mil curtidas e mais de 270 comentários. “Eu gravei, editei na hora e postei para ver como as pessoas iriam receber. Foi incrível. Na hora, o vídeo bombou, toda hora aumentando os seguidores”, conta Angelozi.

Em pouco mais de um mês na rede social, a Piscicultura Super Fish acumula mais de 14 mil seguidores e mais de 108,8 mil curtidas no TikTok. Responsável por administrar a conta, Renata produz os conteúdos sozinha. Também procura mostrar o dia a dia na propriedade, sempre de modo a levar informações ou mostrar alguma curiosidade sobre a atividade aos seguidores. Em um dos vídeos, por exemplo, ela conta como os juvenis de tilápia são vacinados, um a um.

“Eu jamais imaginei que pudesse chamar a atenção de tanta gente. Quando se fala em TikTok, a gente pensa em dancinha, em um ambiente mais descontraído. Mas as pessoas também querem conteúdo de qualidade”, diz Renata.

Localizada às margens da Represa Capivara, há sete anos a Piscicultura Super Fish se dedica à produção de juvenis de tilápia, com estimativa de produção de 3 milhões de unidades no ciclo 2022/23. Com ênfase em sanidade, todos os peixes produzidos na propriedade são classificados e imunizados com vacinas injetáveis. O remodelamento de negócio se efetivou depois que Renata e Angelozi fizeram o Programa Empreendedor Rural – e o projeto esteve entre os finalistas.

“Nós trabalhávamos com engorda de tilápia. O projeto era para migrar para criação de juvenis. O PER foi uma faculdade para nós”, contou. “E agora, esse trabalho com redes tem sido importante para tornar nosso trabalho conhecido e captar mais clientes”, completa.

Além do TikTok, a Super Fish também mantém contas no Facebook e no Instagram. Independentemente da rede, o foco dos produtores é abrir um diálogo com o segmento. Para ela, a aposta na internet é um caminho sem volta. “Nós deixamos nossos perfis bem nichados, voltado a outros produtores e a possíveis compradores. Nossa aposta é, com uma edição mais direta e dinâmica, a audiência qualificada”, aponta Renata. “Hoje, o produtor rural é técnico, atualizado. E os negócios precisam sempre se expandir. As redes ajudam nisso”, avalia.

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Fonte: Sistema FAEP



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