A indústria chilena de salmão espera elevar as exportações do produto para o Brasil para cerca de 100 mil toneladas em um horizonte de dois anos. Representantes do setor têm feito campanhas de incentivo ao consumo do peixe no mercado brasileiro.
O Chile é o principal fornecedor de salmão para o Brasil. No ano passado, o volume adquirido foi de 71,85 mil toneladas, que rendeu à indústria do país US$ 466,76 milhões. Os dados do governo brasileiro englobam as compras do peixe vivo, além do produto seco, congelado, salgado ou defumado.
Nos primeiros cinco meses de 2017, as compras foram de 30,65 mil toneladas, um crescimento de 13,54% em relação ao intervalo de janeiro a maior de 2016. O valor das importações desse ano foi de US$ 242,68 milhões, conforme o sistema Agrostat, do Ministério da Agricultura.
- O consumo de salmão no Brasil foi muito concentrado em restaurantes japoneses, mas, de cinco anos para cá, veio se diversificando e chegando às casas – afirma Igal Neiman, diretor de marketing e planejamento da Camanchaca, uma das principais empresas do ramo no país.
Neiman esteve recentemente no Brasil, representando o setor em uma série de iniciativas de promoção do salmão chileno no mercado brasileiro, onde o maior consumo é do peixe fresco. A campanha, realizada há cerca de cinco anos, é uma parceria do setor privado com o governo do país.
As promoções são feitas, especialmente, em pontos de venda no varejo, voltadas para o consumo também em casa, além de campanhas de mídia. Neste ano, no entanto, a representação chilena estendeu o contato para os médicos cardiologistas, apelando para os benefícios do salmão para a saúde.
Para o Chile, o Brasil é o segundo destino do salmão, com participação de 19% no total. Fica atrás apenas dos Estados Unidos, que respondem por 38% do que os chilenos exportam anualmente. A visão da indústria do país é de que há um forte potencial de crescimento do mercado brasileiro, a exemplo do que já foi demonstrado anteriormente.
Entre os 12 principais consumidores de salmão do mundo, o Brasil é o quarto, atrás de Estados Unidos, França e Polônia. Mas é o que registrou maior crescimento, com uma média anual de 28% entre 2010 para 2015. O volume passou de 26,4 mil para 91,32 mil toneladas, conforme dados apresentados pelo representante da indústria chilena.
- Mas o consumo per capita no Brasil ainda é baixo, de cerca de 500 quilos. É possível continuar crescendo – acredita Igal Neiman.
Os americanos, segundo os dados dele, consomem 354,61 mil toneladas e registraram taxas média de crescimento de 12% ao ano entre 2010 e 2015.
Produção
Antes de expandir as vendas, no entanto, o Chile precisa recuperar sua produção de salmão. A indústria do país registrou queda de volume, ressalta Igal Neiman. Entre o quarto trimestre de 2016 e os primeiros três meses deste ano, diz ele, a produção foi 20% menor que no intervalo entre o quarto trimestre de 2015 e o primeiro de 2016.
- Por causa do El Niño, as águas ficaram mais quentes e favoreceram o aparecimento de algas, que causaram mortalidade dos peixes – explica, fazendo questão de ressaltar que não se trata de contaminação por doenças.
A região sul do país concentra cerca de 20 empresas produtoras, acrescenta Neiman. O abate do salmão é feito, em média, com cinco quilos e 15 meses de idade.
- No Chile, há uma limite de produção por zona de criação. Por um lado é bom, do ponto de vista da sustentabilidade, mas, por outro, acaba limitando o crescimento da oferta – pontua o executivo.
Fonte: Revista Globo Rural