Em setembro de 2017, choveu apenas 12 mm, ou seja, apenas 12% da média histórica do mês na região. Além da pouca chuva, o mês também foi o mais quente dos últimos 39 anos, com temperatura média de 25,7ºC. Nesse sentido, essas condições climáticas influenciaram no início do plantio da soja no sul do estado.
O vazio sanitário da soja encerrou oficialmente no dia 15 de setembro, plena época em que a estiagem estava forte e sem previsão de chuvas para aqueles dias. Hoje, porém, quase 30 dias após data de largada da semeadura das lavouras de soja no Sul de Mato Grosso do Sul, muitos produtores ainda estão iniciando a implantação das lavouras.
O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo Garcia, explica que apesar da chuva ter atrasado o início do plantio, por enquanto não há nenhum impacto negativo nessa safra de soja. Muitos produtores, principalmente os que cultivam áreas maiores, começam o plantio na segunda quinzena de setembro, o que não ocorreu de forma tão acentuada nesse início de safra.
- Se tudo transcorrer normalmente, e não tivermos nenhuma outra janela prolongada de estiagem em outubro, ou mesmo excesso de chuvas, boa parte das áreas de soja serão implantadas no mês de outubro, o que está dentro do esperado – explica ele.
- Quanto mais o produtor atrasar o plantio, maior pode ser a pressão dos problemas fitossanitários, como a ferrugem asiática e o percevejo. Mas, o potencial produtivo é excelente mesmo que o plantio seja efetuado em novembro. Nesses casos, o uso de materiais precoces associado ao monitoramento fitossanitário adequado são fundamentais para o bom êxito da lavoura e viabilidade do milho em sucessão – disse ele.
Irrigação – Outra alternativa que o produtor dispõe é a irrigação das lavouras.
- Essa é uma ferramenta muito útil, que em anos de estiagem, como esse, trazem muito conforto e segurança para os produtores – explica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Danilton Luiz Flumignan.
Segundo ele, neste ano, por exemplo, o produtor que dispõe de sistemas de irrigação na sua propriedade iniciou a semeadura juntamente com a liberação do vazio sanitário, em 16 de setembro. Isso porque com a irrigação ele mesmo poderia fornecer a água que faltou devido à falta de chuvas.
Mas não é só isso. Danilton afirma que mesmo em épocas mais úmidas a irrigação nessa região do Estado pode ser um bom negócio.
- Mesmo nas safras de maior oferta de chuvas para o cultivo da soja, sempre temos pequenos eventos de seca, fazendo com que a irrigação seja necessária para atingir o potencial produtivo que considero ser de, pelo menos, 80 sc ha-1 hoje – afirma o pesquisador da Embrapa.
Ele explica que a irrigação tem como características atrativas a obtenção de altos índices de produtividade e da estabilidade interanual da produção, pois evita prejuízos nas lavouras por déficits hídricos e contribui para melhor planejamento da atividade agrícola.
Custo de produção – Os estudos de viabilidade econômica foram realizados considerando os preços de fatores e produtos vigentes, levantados nos meses de junho e julho de 2017. Os dados pesquisados pelo analista da Embrapa Agropecuária Oeste Alceu Richetti, demonstram que na safra 2017/2018, serão cultivadas 60%, da área total destinada ao cultivo de soja, com a soja Bt + Roundup Ready, ou seja, soja IPRO. Os 40% de áreas restantes destinadas ao cultivo do grão serão cultivados com soja modificada geneticamente com tecnologia Roundup Ready, denominada, soja RR.
- Em termos de produtividade estimada, o estudo demonstra que a soja IPRO apresenta maior potencial produtivo, principalmente na região Centro-Sul do Estado de Mato Grosso do Sul, com dados estimados de 3.600 kg ha -1 (60 sc). Já, a produtividade estimada da soja RR é de 3.300 kg (55 sc) – explica Alceu.
No documento estão identificadas ainda as quantidades de insumos, as operações agrícolas, a gestão da propriedade, assim como as produtividades, os ganhos obtidos com essa produção e a eficiência produtiva. A partir da confrontação dos custos de produção observados e do rendimento médio obtido com o cultivo da soja foi analisada a eficiência econômica da produção.
Os resultados da pesquisa revelam que na safra 2017/2018, o custo estimado de produção da soja IPRO por hectare (R$2.973,69) é maior do que o da soja RR (R$2.914,62). “A adoção da tecnologia IPRO ocasiona forte impacto no custo das sementes, atingindo R$ 325,50 por hectare. Já, para a RR, os valores são bem inferiores. Mas, a tecnologia da soja IPRO proporciona redução nos gastos com inseticidas, que aliada aos resultados de produtividade mais expressivos, conquista uma receita superior que a soja RR”, explica Richetti.
As informações referentes às práticas de manejo adotadas, assim como as tecnologias utilizadas, na formação dos custos, foram colhidas em painéis que contaram com a presença de técnicos e produtores, com o objetivo de atualizar o sistema de produção de soja predominante no Estado de Mato Grosso do Sul. A área média das lavouras de soja, para a safra 2017/2018, será de 840 hectares, dos quais, aproximadamente, 70% são de propriedade do produtor e 30% são arrendados.
Alceu explica ainda que as análises de viabilidade econômica possibilitam ao produtor conhecer os resultados econômico-financeiros obtidos em um determinado período e nortear o planejamento e as decisões a serem tomadas para os anos subsequentes, sendo uma ferramenta estratégica para a gestão da atividade agrícola. O documento intitulado
- Viabilidade econômica da cultura da soja na safra 2017/2018, em Mato Grosso do Sul – de autoria de Alceu Richetti e Rodrigo Arroyo Garcia, pode ser acessado também pela internet. Clique em http://bit.ly/2gprsce.
Chuvas de setembro – Para compreender melhor o que aconteceu em termos agrometeorológicos no mês de setembro, confira as explicações do pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Ricardo Fietz. Segundo ele, houve apenas três dias chuvosos, sendo que a maior precipitação foi 5 mm no final do mês em 25 de setembro. Com base nos registros das estações meteorológicas da Embrapa e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), pode-se observar que as chuvas foram inexpressivas em toda a região sul de Mato Grosso do Sul: Campo Grande (45 mm), Ivinhema (35 mm), Ponta Porã (23 mm), Maracaju (22 mm), Itaquirai (22 mm), Bela Vista (21 mm), Sete Quedas (17 mm), Amambai (15 mm), Rio Brilhante (12 mm) e Jardim (11 mm).
- A ausência de chuvas impactou os solos da região que permaneceram em grande parte de- setembro com níveis insatisfatórios de umidade, ou seja, com uma disponibilidade hídrica inferior a 50% – disse Fietz.
Ele explica ainda que a pouca chuva também trouxe consequência para a saúde, pois refletiu diretamente na umidade média relativa do ar que foi 50%, ou seja, um índice 10% menor que a média do mês (60%). Os dado revelam que desde 2001, quando o Guia Clima iniciou o monitoramento dos extremos de umidade do ar em Dourados, 2017 foi o ano que em houve o maior número de ocorrências de níveis de umidade inferiores a 30%, com 22 registros, atingindo 11%, no dia 23 de setembro.
- Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), níveis de umidade do ar inferiores a 30% exigem cuidados, pois podem ser prejudiciais à saúde humana. Algumas manifestações típicas de baixos índices de umidade relativa do ar são pele, olhos, nariz e gargantas secos; cabelos “indisciplinados”; indisposições físicas e aumento dos incêndios – completa o pesquisador.
A temperatura média em Dourados foi quase 4ºC superior à média histórica, 21,8°C, ou seja, foi de 25,7°C. Assim, setembro de 2017 foi o mais quente em 39 anos, desde 1979.
- A média das máximas, 33,8°C, foi quase cinco graus superior à normal, 29,2°C. Em 25 dias, a temperatura superou 30°C e a máxima do mês foi 37,6°C, em 14 de setembro. A média das mínimas foi 18,5°C, quase três graus superior à média histórica, 15,8°C. Não houve registro de temperaturas inferiores a 10°C e a mínima do mês foi 14,5°C, registrada em 17 de setembro. A temperatura mínima registrada na região sul de Mato Grosso do Sul foi 11,4°C, em Amambai, em 18 de setembro, enquanto a máxima ocorreu em Rio Brilhante, 40,5°C, também em 18 de setembro – explica Fietz.
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste