Diferente do México, que só poderá ofertar feijão preto para o Brasil, atualmente são comercializados oito tipos brasileiros de feijão para outros países.
Os produtores brasileiros de feijão foram surpreendidos pelo anúncio do governo, no sábado (11/5), do acordo fechado com o México, que abriu o mercado para importação de arroz brasileiro em troca da liberação das exportações de feijão para o Brasil.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (13/5), o presidente do Instituto Brasileiro de Feijão, Pulses e Colheitas Especiais (Ibrafe), Marcelo Lüders, afirmou que a barganha proposta pelo Ministério da Agricultura “causou grande desconforto ao setor”. O Ibrafe reúne os diversos segmentos ligados à pesquisa, produção, processamento e comercialização da leguminosa.
Segundo ele, o setor não é contrário à abertura de mercado para exportação de arroz, mas considera que, caso haja a necessidade de importação de feijão, o parceiro preferencial deva ser a Argentina em razão de sua proximidade geográfica, o que reduziria custos logísticos, além do fato de estar isento da cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC), incidente sobre as compras de países fora do Mercosul.
“O que setor quer é que se procure, com a mesma intensidade que se procurou exportar arroz, abrir mercados para exportação de feijão. Que ela também seja defendida. Nossa capacidade de produção vem crescendo. Nossas vendas externas de feijão foram de 20 mil toneladas em 2010 para 162 mil toneladas em 2018”, afirma Lürders.
A competitividade do grão, conforme o presidente, também vem aumentando. Diferente do México, que só poderá ofertar feijão preto para o Brasil, atualmente são comercializados oito tipos brasileiros de feijão para outros países.
“Com tamanha oferta, nós esperávamos reciprocidade do México. Queremos que seja negociada uma cláusula para garantir não só a compra de feijão mexicano, mas também a venda de feijão brasileiro para eles”, defende o dirigente do Ibrafe.
Outro fator que levou o setor a ver com estranheza o acordo firmado é que o México importa de feijão dos Estados Unidos por estar atrelado à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Segundo dados do Ibrafe, em 2018, os Estados Unidos foram os maiores fornecedores de feijão para o México. Das 165.134 mil toneladas importadas pelos mexicanos, 142.982 mil toneladas, ou seja, 87,1% vieram dos Estados Unidos. Em seguida aparecem o Canadá, 10,3%, e a Argentina com 2,7%.