A chegada de Donald Trump à Casa Branca não significa que os Estados Unidos irão se retirar do mar do Sul da China, e sim que irão continuar a buscar uma “hegemonia regional”, disseram nesta sexta-feira acadêmicos chineses que elaboraram um relatório para um centro de estudos governamental influente.
Garantir o “controle absoluto” sobre essa rota marítima é o cerne da estratégia militar dos EUA na Ásia-Pacífico, de acordo com o que os autores disseram ser o primeiro relatório público da China sobre a presença militar dos norte-americanos na região, que foi divulgado nesta sexta-feira em Pequim.
- Não haverá uma reversão na política dos EUA para o mar do Sul da China – disse Wu Shicun, diretor do Instituto Nacional de Estudos do Mar do Sul da China, importante centro de pesquisa sediado em Hainan que redigiu o relatório.
Trump raramente mencionou o mar do Sul da China durante a campanha eleitoral, em vez disso se concentrando na relação comercial com Pequim e ameaçando rotular a China de manipuladora do câmbio e impor tarifas de importação sobre produtos chineses.
O comprometimento de Washington com seus aliados não irá mudar, e tampouco sua postura de proteger a liberdade de navegação no Mar do Sul da China, disse Wu. Assim sendo, as tensões entre a China e os EUA na rota marítima provavelmente irão crescer no mesmo passo do crescimento militar chinês.
A China reivindica a maior parte das águas ricas em recursos energéticos, pelas quais cerca de 5 trilhões de dólares em remessas trafegam a cada ano. Os vizinhos Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã também têm reivindicações na área.
Esforços recentes dos EUA para se contraporem ao que veem como uma limitação chinesa à liberdade de navegação no mar do Sul da China despertaram a ira de Pequim e temores de um conflito militar. Em outubro, uma patrulha de navios de guerra norte-americanos foi considerada “ilegal” e “provocadora” pelo Ministério das Relações Exteriores chinês.
- Da perspectiva dos EUA, as atividades de construção de larga escala da China no Mar do Sul da China confirmaram sua suspeita de que a China pretende implementar uma estratégia anti-acesso/negação de área – diz o relatório.
Haverá “mais continuidade do que mudança” na política militar de Trump na Ásia-Pacífico, opinou Zhu Feng, diretor do Centro do Mar do Sul da China da Universidade Nanjing, no lançamento do relatório.
Fonte: Reuters