O grupo petroleiro francês Total fechou a compra da rede mineira de postos de combustíveis Zema, que pertence à família do futuro governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo), apurou o Estado. A transação, avaliada em cerca de R$ 500 milhões, marca a entrada da companhia francesa em distribuição de combustíveis no País.
Dona de uma rede com cerca de 300 postos de combustíveis e lojas de conveniência, boa parte em Minas Gerais, a Zema Petróleo é a divisão de maior faturamento do grupo mineiro, fundado em Araxá em 1923 pela família mineira.
O grupo Zema, que faturou cerca de R$ 4,4 bilhões no ano passado, atua em diversos negócios – de lojas de varejo de móveis, eletrodomésticos e vestuários, concessionárias de veículos a serviços financeiros. Só a divisão de distribuição de combustíveis fatura R$ 2,5 bilhões.
O Estado apurou que o grupo Total voltou a mapear ativos na área de distribuição de combustíveis no Brasil desde o início do ano. O grupo mineiro foi procurado pelos franceses e as conversas engataram em julho. O anúncio da aquisição está previsto para hoje. A Estáter assessorou a petroleira francesa na operação e o banco ABC, o grupo Zema.
Procurada, a Total informou, por meio de sua assessoria, que não comenta rumores de mercado. O grupo Zema também não se manifestou sobre o assunto.
No Brasil desde 1975, a Total atua na área de exploração e produção de óleo e gás. Quarta maior empresa de óleo e gás do mundo, a companhia ganhou força no Pais ao arrematar a área do campo de Libra no primeiro leilão do pré-sal, em 2013. Em janeiro, concluiu a aquisição dos ativos de Lapa e Iara, ambos no pré-sal da Bacia de Santos.
A petroleira já estava há alguns anos procurando ativos em distribuição de combustíveis para comprar no Brasil. Em 2014, esteve prestes a comprar a rede Ale, mas as negociações pararam após a morte do presidente do grupo francês, Christophe de Margerie.
Concentrado
O mercado de distribuição de combustíveis no Brasil é altamente concentrado. Liderado pela BR Distribuidora, controlada pela Petrobrás; Raízen (joint venture Cosan e Shell) e Ipiranga (do grupo Ultra), que, juntas, detém mais de 70% de participação de mercado, os poucos ativos à venda desse setor são controlados pelas chamadas companhias de “bandeira branca”.
A última grande transação deste setor foi a venda do controle da Ale para a suíça Glencore, em junho deste ano. Considerada a grande joia do setor, a Ale, quarta maior rede de postos do País, com cerca de 1,5 mil unidades e cerca de 4% de participação no mercado nacional, já tinha sido sondada por várias empresas.
Além da Total, a Raízen já tinha analisado o negócio no passado. Em 2016, a Ale recebeu uma proposta de R$ 2,2 bilhões do grupo Ipiranga por 100% da rede de postos, mas a operação foi barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2017, alegando concentração no setor. Com a compra da Zema, a Total terá menos de 1% do mercado.
Fonte: União dos Produtores de Bioenergia