A empresa chinesa Dakang International Food Agriculture espera captar “o mais breve possível” US$ 300 milhões para ampliar suas operações no agronegócio brasileiro. Executivos da empresa fizeram, nesta quarta-feira (4/7), em São Paulo (SP), uma apresentação dos seus planos para representantes de bancos que atuam no país.
Na agropecuária brasileira, a Dakang é dona de 57% a trading Fiagril, cujo controle adquiriu no ano passado, e de 53,99% do capital da Belagrícola revenda de insumos e originadora de produtos agrícolas, adquirida neste ano. A intenção dos chineses é reforçar a integração e a atuação das duas empresas.
Juntas, Fiagril e Belagrícola originam cerca de 6 milhões de toneladas de grãos por ano, a maior parte é exportada. O plano dos chineses é usar os recebíveis dessas vendas externas como lastro para as operações de crédito no sistema bancário brasileiro.
- O grupo tem planos de expansão, mas, neste momento, o foco é rentabilizar o negócio já existente – explica o executivo financeiro da Dakang no Brasil, Fábio Jacob. – Queremos estar mais próximos do produtor. É este relacionamento que fará nosso negócio crescer – acrescenta.
A visão para o mercado brasileiro é de longo prazo, garante o presidente do grupo, Ge Jungie. Para ele, as economias do Brasil e da China são complementares, o que traz “grandes oportunidades” de negócios no país.
- Os negócios entre Brasil e China têm um grande potencial. Não estamos aqui por uma safra ou duas. Obviamente a agricultura é cíclica. Podemos ter uma boa safra ou uma safra ruim. Mas isso importa apenas no curto prazo e acreditamos em uma sinergia de longo prazo – diz ele.
Melhores condições
Gi Jungie avalia de forma positiva o sistema financeiro do Brasil. Para o CEO da Dakang, tanto os bancos nacionais quanto os internacionais que operam no país têm condições de dar suporte aos investimentos que a empresa planeja.
A ressalva do executivo chinês está relacionada à atratividade do Brasil para o capital estrangeiro. Embora tenha comprado o controle de duas empresas brasileiras desde o ano passado, ele avalia que o ambiente de investimentos no país poderia ser ainda melhor.
- O governo brasileiro deveria criar um melhor ambiente para investimentos estrangeiros, incluindo os chineses – diz. – Hoje estamos falando com os bancos, mas queremos falar com o governo e encorajá-lo a investir em infraestrutura, especialmente com recursos estrangeiros – acrescenta ele.
Apesar das dificuldades, é no Brasil que estão as maiores oportunidades para o capital chinês, nas palavras do executivo de uma das empresas que se associou aos asiáticos. Para o CEO da Belagrícola, Flávio Andreo, mesmo com a incerteza política, o cenário macroeconômico do Brasil está mais favorável a investimentos.
- A questão não é mais se eles vão investir no Brasil, mas quando. A crise é uma oportunidade de entrada em um momento interessante. Eles não têm outra opção, não têm outros países para investir – afirma.
Fonte: Revista Globo Rural