GOLPE EM PRODUTORES DE TAPEJARA

Uma cerealista é investigada pela suspeita de ter aplicado um golpe de mais de R$ 60 milhões contra agricultores no Norte do Rio Grande do Sul. Os produtores rurais aplicavam dinheiro na empresa Cereais Planalto com a promessa de ter rendimentos mais altos do que nos bancos.

Mais de 700 pessoas tiveram prejuízos financeiros. Alguns perderam até R$ 500 mil.

A Cereais Planalto funcionou em um endereço no centro da cidade de Tapejara por mais de três décadas. No dia 9 de julho de 2014, fechou as portas e nunca mais abriu.

- Dezenas de negócios deixaram de ser feitos em decorrência desse prejuízo que a Planalto causou na nossa cidade – conta o agricultor Gelson Rovani.

A empresa era tradicional no município. Comercializava grãos, mas também funcionava como uma financeira irregular, como explica a agricultora Clairete Corso.

- A gente investia soja, milho e trigo. Às vezes, a gente tinha dinheiro e deixava para ele ali – destaca

“Ele” a quem a Clairete se refere é Luiz Carlos Pomagerski, dono da Planato e investigado por estelionato.

O presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Tapejara afirma que alguns pequenos produtores perderam tudo o que tinham: safras e dinheiro. Nem os funcionários da empresa foram pagos.

- Ninguém recebeu nada. Todo mundo não recebeu seus direitos – reclama o engenheiro agrônomo Ricardo Canali.

Justiça bloqueia bens

O que deixa agricultores e funcionários ainda mais indignados é saber que uma semana antes de encerrar as atividades, o proprietário da Cereais Planalto, Luiz Carlos Pomagerski, passou para familiares e amigos boa parte dos bens que possuía.

O inquérito que investiga o caso já foi entregue pela Polícia Civil à Justiça. O delegado Venícius Demartini indiciou Pomagerski por estelionato.

- Nós sabemos que houve algumas transferências de patrimônio antes do encerramento das atividades. Isso tudo nós já temos mapeado e trabalhamos com as demais provas para que no final possamos concluir se houve algum ilícito penal – diz o delegado.

A Justiça bloqueou parte dos bens da cerealista, inclusive caminhões. Somado, o patrimônio chega a R$ 6 milhões, menos de 10% do que a empresa deve.

Até agora, ninguém recebeu nada porque a primeira assembleia de credores foi anulada. Será preciso fazer uma nova reunião, marcada para maio.

- Nós não podemos ultrapassar esses procedimentos que a lei prevê. No caso, como foi declarada a nulidade da primeira assembleia, tivemos que recomeçar. Que pelo menos a gente consiga satisfazer o crédito desses pequenos agricultores que aguardam essa definição – discorre a juíza Lílian Raquel Bozza Pianezzola.

A casa do dono da cerealista também está no nome de um familiar. Procurada pela reportagem, a defesa de Luiz Carlos Pomagerski não respondeu aos pedidos de posicionamento.

Fonte: G1

Fotos: Reprodução RBS TV



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