Um modelo que traz mais competitividade para a suinocultura nacional proporciona qualidade de vida às porcas no período da prenhez e ainda as faz viver por mais tempo: é a gestação coletiva. A técnica tem sido adotada por produtores brasileiros, visando atender os princípios de bemestar animal e as tendências do mercado internacional. Enquanto na gestação em gaiolas as porcas passam a vida inteira confinadas – sem espaço para se virar, apenas para deitar e levantar, além de comer, beber água, defecar, sendo inseminadas no mesmo local – na prenhez coletiva há uma nova proposta: o animal pode viver em um ambiente no qual interage com os demais suínos e evita escaras – feridas causadas pela falta de movimentação –, estresse, problemas fisiológicos e sanitários. Por muito tempo, os produtores acreditavam que criar os animais presos em gaiolas evitaria brigas entre eles e aumentaria a produtividade das matrizes, prevenindo abortos, além de facilitar o manejo dos animais, controlando o cio e a quantidade de alimento de cada uma das porcas. Entretanto, a Comissão de Bem-estar Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), refere pesquisas em que matrizes em condições 3 de confinamento produzem dentro do esperado, mas podem não estar bem. Essas porcas passam a vida produtiva inteira na gaiola. Só são levadas para uma gaiola um pouco maior na hora de parir. A vida delas acaba sendo frustrante e estressante, por não conseguir expressar comportamentos naturais. Com isso, elas vivem menos do que deveriam, fazendo com que o produtor tenha de renovar as matrizes com mais frequência. Tratar os animais adequadamente e melhorar suas condições de vida são algumas das premissas do bem-estar animal. Um bom grau de bem-estar significa que o animal está confortável, saudável, bem nutrido, seguro e que não há prejuízos para sua saúde física e mental. A gestação coletiva de porcas proporciona todos esses requisitos. O sistema funciona deste modo: a baia coletiva é subdividida em diversas baias menores, chamadas de baias de fuga. No centro, é instalada uma máquina de alimentação automatizada para cada 80 fêmeas. Assim, não há disputa por comida, evitando brigas entre os animais. Produtores menores podem alojar matrizes em grupo de seis a oito animais, usando arraçoamento manual ou semiautomático. As matrizes passam todo o tempo no galpão coletivo, onde podem caminhar, interagir, escolher local para deitar e área para defecar e urinar. As porcas ficam assim até o momento do parto, quando vão para gaiolas de parição, o que evita o esmagamento dos leitões. Esse sistema melhora o conforto dos animais, além de aumentar a longevidade deles. Isso evita que o produtor tenha de fazer descarte prematuro de matrizes. A gestação coletiva de matrizes suínas já é realidade entre os três maiores produtores mundiais de suínos – China, União Europeia e Estados Unidos, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O Brasil está se adaptando à nova realidade para que seus produtores se mantenham competitivos e a sua suinocultura tenha boa imagem no exterior. Para tanto, a cadeia produtiva do setor também está investindo em técnicas de bem-estar animal. Os produtores e empresas que atendem aos requisitos das diretrizes de bem-estar animal estão em posição privilegiada nas negociações com os compradores. Isso porque o atendimento das exigências das diretrizes de bem-estar animal se torna uma característica intrínseca do produto, expressando um valor econômico potencial e uma qualidade ética superior.
Fonte: MAPA