A consulta e utilização de boletins meteorológicos, e, até apps, a cada ano mais comum ao produtor do Norte ao Sul do Brasil, parece não ser suficiente para evitar prejuízos e alguns já admitem buscar apoio na tradicional prece à São Pedro. As anomalias climáticas, principalmente a intensificação do El Niño, em especial no Rio Grande do Sul, com aumento na incidência de chuvas, assim como longos períodos de estiagem, possuem resultados catastróficos para o plantio e colheita de diversas culturas, como trigo, soja, tabaco, uva, entre outras nas quais a região se destaca.
Mas não são apenas as orações as aliadas do produtor: ações de mudança na Gestão do Campo podem ser tomadas; com investimentos já realizados em sistemas de controle agrícola, ERPs, além de dados de campo, séries históricas e integração de tecnologias e pessoas – estes podem planejar suas ações (agrícolas, operação e até mesmo times de emergência), diminuir o impacto dos eventos e criar cenários para safras vindouras. Segundo a Emater RS (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), em 2015 os estragos causados pelas chuvaradas que caíram na região atingiram 115 propriedades, 25% das fazendas do Estado gaúcho, gerando prejuízos de cerca de R$ 700 milhões.
E se tais propriedades estivessem monitorando o tempo com mais precisão e eficiência, com ações de contenção e planos prévios e prontas para agir pós-impacto, com times deslocados para a área? Se podemos falar de múltiplas inteligências, a Inteligência Geográfica – integração da Geografia e Tecnologias – é a grande aliada dos produtores de pequeno a grande porte para que possamos ir além do “e se”.
Por meio de Plataformas Tecnológicas pode-se integrar dados de diversas fontes e naturezas, como qualidade do solo, áreas de cultivo, diversidade de culturas, e até dados históricos climáticos e de pragas, sensores em tempo real, imagens obtidas por drones, a fim de fornecer todas as informações necessárias para a elaboração de planos de contingência aplicáveis e condizentes com a realidade de cada propriedade, levando em conta medições pluviais, entre outros sensores; é possível ainda integrar dados como fotos, vídeos, e até comentários de engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas para facilitar o entendimento de relatórios, planilhas etc..
Um grande banco de dados? Programas de computador? A resposta é “mais que isto”. Vivemos a era das Plataformas e pode-se adotar uma Plataforma de Inteligência para integração de ações, planejamento e gestão do Campo – gestão esta baseada em Processos, Fluxos e Tecnologias. A Agricultura de Precisão e o Cadastro Ambiental Rural (CAR) são exemplos de áreas do campo que exigem cada vez mais o emprego da Inteligência Geográfica; o planejamento e mitigação dos estragos causados por eventos naturais nas lavouras deve seguir esta tendência nos próximos anos, uma vez que, diminui custos de produção, pode complementar os negócios e aumentar a produtividade desde pequenos agricultores até grandes cooperativas.
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