GEADAS

GEADAS PODEM AFETAR O BOLSO DO CONSUMIDOR

O frio e as geadas que assolaram o Sul do Brasil nesta semana devastaram plantações de trigo e pastagens no Paraná. Sindicatos Rurais consultados pela Gazeta do Povo estimam perdas de, no mínimo, 40% do total do plantio de trigo nas regiões de Cascavel, ao Oeste, e em Ivaiporã, no Centro do Estado.

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Estado, ainda não tem dados fechados sobre as perdas, mas garante que o impacto não foi tão forte ao Norte, onde está a maior parte das plantações de trigo e as geadas foram de menor intensidade.

- Metade da área de trigo do Paraná está em fase suscetível a perdas com o frio, mas a faixa entre o Centro e o Oeste realmente são as que mais preocupam – comenta Carlos Godinho, analista do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura. Para o presidente do Sindigro Paraná, Daniel Kümmel, há ainda outro problema:  -Estamos preocupados que possa acontecer uma mistura do trigo de boa qualidade com o afetado. -

Godinho explica que houve impacto também para produtores de hortaliças, principalmente aqueles que promovem o cultivo a céu aberto.
Trigo, farinha e pão: como fica o preço?

O clima obrigou produtores a acionarem o seguro rural em Ivaiporã. Presidente do Sindicato Rural da cidade, Lourival de Góes comenta que, além da geada, a seca de 40 dias vem prejudicando a produção.

- A última chuva foi dia 9 de julho. Aqui a produção de trigo ocupa de 80% a 90% das lavouras – informa.

A cadeia produtiva admite que a quebra de safra pode levar a um aumento no preço do trigo.

- Quando o mercado está climático como agora, toda e qualquer informação nova reflete no curto prazo – diz Kümmel. – É sempre uma incógnita, mas pode ter um aumento no balcão do moinho para o comércio do varejo – opina Paulo Cézar Vallini, diretor do Sindicato Rural de Cascavel.

Lourival de Góes diz ter observado uma recente reação no preço do trigo. Contudo, se isso vai afetar o preço da farinha, o que consequentemente poderia afetar o ‘pãozinho’ em mercados e padarias, o presidente do Sinditrigo prefere ter cautela.

- Cada moinho tem uma estrutura de custos, então, é uma decisão de cada gestão – destaca Kümmel.

Confira o vídeo do trigo congelado enviado pelo Sindicato Rural de Cascavel:
Leite e carne na berlinda

As geadas podem impactar diretamente os preços de alguns produtos no supermercado. As pastagens foram severamente atingidas, impactando a produção do gado leiteiro e antecipando vendas do gado de corte, segundo os representantes dos sindicatos rurais.

- Mesmo que os produtores estejam preparados para o frio e a seca das últimas semanas, a produção leiteira deu uma boa caída, pois o gado sofre. Mas o maior impacto foi mesmo no gado de corte – comenta o presidente do Sindicato Rural de Ivaiporã, Lourival de Góes.

Vallini, do sindicato de Cascavel, alerta: o leite poderá ter uma quebra.

- Quando há menos oferta, espera-se o aumento de preço. E o produtor já não vem passando por uma situação muito confortável, o que levou muitos a deixarem de produzir – emenda.

Por outro lado, o preço do boi gordo, que já estava em queda devido aos escândalos JBS e Carne Fraca, pode cair ainda mais. Isso acontece porque, quanto menos pasto, mais o produtor teria que gastar com suplementação animal, o que o leva a vender os animais ou para frigoríficos (quando o animal está ‘no ponto’) ou para outros produtores.

- Em um primeiro momento, o rebanho pode diminuir, mas necessariamente isso vai chegar ao varejo – afirma Godinho, analista do Deral.

Lourival de Góes reforça que os produtores de gado estão em uma situação complexa.

- O pecuarista está desovando o que pode, mas com a ressalva de que o preço da arroba [do boi gordo] está muito baixo. Então o produtor fica entre a cruz e a espada – conta. E faz uma crítica: – O produtor reclama que perdemos de 20% a 30% o preço do boi, mas isso não é visível nos açougues e mercados. -

A alternativa para quem tem condições de manter os animais, como explica Vallini, é segurar ao máximo o gado para vender em uma situação em que o preço esteja mais apropriado.

Fonte: Gazeta do Povo

 



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