Depois de pelo menos três semanas em situação tensa pela falta de gasolina de aviação [avgas] em pleno auge nas operações de safra, as empresas de aviação agrícola em São Paulo começaram a receber o combustível nesta quarta-feira (16), informa o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). Segundo informações junto a distribuidores, no Rio Grande do Sul, estado com a maior frota movida a avgas do País, a previsão é de que as empresas comecem a receber combustível nessa quinta-feira (17).
A expectativa agora é para que a quantidade importada pela Petrobras e que começou a ser descarregada terça no Porto de Santos, em São Paulo, seja suficiente para atender à demanda aeroagrícola. Como boa parte dos reservatórios já estavam secos nas empresas, as distribuidoras precisarão garantir um fluxo grande de cargas para darem conta da demanda.
O Sindag também aguarda a definição da data de uma reunião que deve ser agendada pelo governo federal com entidades da aviação, Petrobras, Anac e outros órgãos. O encontro foi ventilado pela Presidência da República, que intercedeu no caso na terça-feira (14), determinando prioridade na liberação da carga de avgas no Porto de Santos. A reunião será para definir junto com as entidades qual a demanda de avgas no País, a fim de garantir que o problema não se repita.
Importações
O combustível está sendo importando devido à paralisação da linha de produção de avgas na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. A refinaria é a única que fabrica esse tipo de combustível no Brasil e sua linha estaria parada desde novembro para manutenção, devendo ficar inativa pelo menos até agosto.
O Brasil tem a segunda maior frota mundial de aviões agrícolas, com cerca de 2,1 mil aeronaves. Desse contingente, metade é movida a avgas, 35% é de aparelhos com motores a etanol e 15% movida a querosene de aviação (QAV). A crise de abastecimento de avgas começou a ser sentida ainda em dezembro, quando as empresas passaram a relatar ao Sindag dificuldades em comprar o combustível.
Risco
O sindicato aeroagrícola passou a cobrar informações e uma solução junto à Petrobras, já que a situação colocava em risco a proteção de safras importantes para o país, como soja, cana-de-açúcar e arroz. Enquanto em São Paulo cerca de 30 aeronaves pararam pela falta de combustível (cerca de 10% da frota estadual), no Rio Grande do Sul, Estado com a maior quantidade de aviões agrícolas movidos a avgas (cerca de 80% de uma frota de 427 aeronaves), as empresas que ainda tinham capacidade para operar contavam com combustível para dois dias de operações.
A situação entre os gaúchos só não foi pior por causa das chuvas, que deixaram as aeronaves nos hangares. Mas, ironicamente, era essa a maior preocupação: logo que o tempo melhorar, toda a frota deverá operar em emergência, já que o calor e a umidade aumentam muito o risco de doenças fúngicas na soja (da qual o Estado é o terceiro maior produtor) e no arroz (o RS responde por 70% da safra brasileira).
Fonte: DATAGRO