O vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil, Osmar Dias, confirmou que houve fraude no Pronaf no Rio Grande do Sul em audiência na Comissão de Agricultura do Senado na manhã desta quinta-feira. Oito funcionários do Banco do Brasil de Santa Cruz do Sul já foram afastados, e, até o final da sindicância interna da instituição, prevista para estar concluída até 31 de maio, o número de funcionários envolvidos deve chegar a 50.
A força-tarefa criada pelo Banco do Brasil analisou as 4.226 operações de crédito realizadas via Associação Santacruzense de Pequenos Agricultores Camponeses (ASPAC) envolvendo um total de 1.493 produtores. Destes, pelo menos, 218 foram lesados, alguns em mais de um contrato.
Osmar Dias disse que ainda não é possível precisar o valor total do prejuízo, mas não são os R$ 88 milhões divulgados inicialmente. Esse montante se refere a todos os contratos realizados via ASPAC no período de dezembro de 2006 a dezembro de 2014.
– Só vamos chegar à conclusão quando a auditoria terminar, pois, por políticas internas do Banco do Brasil, não há divulgação de relatórios parciais. Não temos o valor do prejuízo, mas os produtores não vão ficar com o prejuízo – afirma Dias.
Entre os indícios encontrados até o momento, estão fraude na Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), desvio de finalidade dos recursos, dossiês de operações não localizados, liberação de recursos para terceiros sem autorização e liberação de recursos na conta da ASPAC.
Osmar Dias reforçou ainda que o maior interessado em que o caso seja esclarecido é o Banco do Brasil.
– Além de a imagem da instituição estar sendo prejudicada, afeta também a imagem de um programa de tamanha importância para a agricultura familiar, o Pronaf, conclui ele.
Como funcionava a fraude
Os agricultores solicitavam crédito do Pronaf via ASPAC junto ao Banco do Brasil de Santa Cruz do Sul e Sinimbu. A Associação recebia o dinheiro do financiamento, mas informava que o empréstimo havia sido negado e convencia o produtor a realizar um segundo empréstimo. Os recursos do segundo empréstimo eram repassados aos agricultores. Após o período de carência de dois anos para o pagamento, os produtores ficavam sabendo que tinham sido lesados quando o Banco do Brasil cobrava pelos dois empréstimos.
Fonte: Zero Hora