Por mais uma semana, o mercado de frango vivo encerra a semana com perdas em grande parte das praças de comercialização. Nesta sexta-feira (29), os preços em São Paulo voltaram a ceder e fecha o dia com cotação de R$ 2,50/kg. Em Minas Gerais, as cotações seguem acomodadas em R$ 2,35/kg, após as baixas do início da semana.
De acordo com informações do analista da Safras & Mercados, Fernando Henrique Iglesias, o aumento da oferta de animais é o maior fator de pressão neste final de abril. “A procura foi bem efetiva, tanto no mercado doméstico quanto no externo. O problema é que novamente o setor enfrentou um quadro de excedente de oferta, fator que acabou contribuindo para a queda nas cotações”, explica.
O boletim do Cepea desta semana também aponta o crescimento na oferta, o que fez com que preços caíssem tanto no atacado quanto nas granjas. “Segundo pesquisadores do Cepea, mesmo com a demanda enfraquecida do atacado, a oferta de animais para abate continua maior que a procura”, aponta o Centro.
Um dos fatores neste aumento na oferta no cenário doméstico está atrelado ao aumento no abate de matrizes de corte e descarte, segundo aponta Iglesias. “Vemos, por exemplo, que o Paraná está disponibilizando seus excedentes de produção em mercados como São Paulo e Minas Gerais, o que tem deixado o setor bastante fragilizado”, comenta o analista.
Com isso, os preços tiveram mais uma semana de cotações em baixa, quando reajustes positivos eram necessários para ajustar margens do mercado. O levantamento semanal realizado peloNotícias Agrícolasaponta que Minas Gerais foi a praça com maior queda na referência de negócios – assim como na anterior. Na praça, as cotações cederam 6% e fecha a semana a R$ 2,35/kg.
Em São Paulo, as perdas também foram expressivas, caindo 3,85% na semana. O que levou a referência de negócios para R$ 2,50/kg. Santa Catarina e Paraná tiveram baixas ainda maiores, com perdas de 4% na semana e referência de R$ 2,40/kg.
Custos de produção
Por outro lado, pela primeira vez no ano, os custos de produção registraram baixa, segundo levantamento da Embrapa Suíno e Aves. O ICPFrango/Embrapa chegou a 214,78 pontos em março, o que representa uma queda de 4,48% em relação ao levantamento de fevereiro deste ano. Por outro lado, no acumulado do ano, a alta é de 21,41%.
A baixa no índice deste mês está ligada ao recuo de preços do farelo de soja, devido ao avanço da colheita da safra de verão. “Houve uma queda de 15% e 25% no preço (do farelo de soja), embora omilho tenha continuado aumentando”, disse o analista da área de socioeconômica e responsável pelos índices de custos de produção do CIAS, Ari Jarbas Sandi.
Apesar da queda no índice em março, o cenário ainda é preocupante. Um dos principais fatores no aumento dos custos nos últimos meses é a alta de preços para o milho, além da escassez na oferta do cereal. A Scot Consultoria aponta que a alimentação corresponde em até 70% no gastos dos avicultores nas granjas. Com isso, em um ano as cotações do milho subiram 73,6% em Campinas (SP).
Por outro lado, a consultoria aponta que a carne de frango apresenta melhor competitividade em relação a bovina. Enquanto há um ano era possível comprar 2,4 quilos de frango para um quilo de dianteiro bovino, atualmente é viável adquirir 2,29 quilos.
“Apesar do aumento dos custos de produção para o frango – o que pode contribuir para enxugar a oferta, em razão da rápida resposta da produção avícola –, a expectativa é de que a carne bovina ainda continue em patamares historicamente desfavoráveis frente à de frango”, explica a Scot.
Exportações
Os embarques seguem registrando ritmo positivo e deve encerrar abril com crescimento em volume. Apesar disto, o Cepea aponta que o bom desempenho nas exportações não deve ser suficiente para alavancar os preços no mercado interno.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foram exportados até a quarta semana de abril 285,4 mil toneladas de carne de frango in natura. Com média diária de 19 mil toneladas, há um crescimento em relação ao desempenho por dia de março – de 13,5% – e acréscimo de 26,3% em comparação com dados abril de 2015. Em receita, a soma é de US$ 402,2 milhões, com valor por tonelada US$ 1.409,50.
Fernando Henrique Iglesias projeta que abril pode alcançar 380 mil toneladas. “Considerando as 285,4 mil toneladas de carne de frango in natura exportadas até a quarta semana do mês, é possível que o resultado final possa alcançar entre 360 e 380 mil toneladas, volume que, se confirmado, será bem favorável”, disse.
Fonte: Notícias Agrícolas
Fonte: Canal do Produtor