Mesmo registrando abate de mais de 227 milhões de aves em 2014, os avicultores de Mato Grosso ainda enfrentam muitas dificuldades. Entre elas estão a produção integrada e as relações contratuais desse sistema. Para discutir o assunto e contribuir com o fortalecimento das Associações dos Avicultores de Mato Grosso, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (FAMATO), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), promoveu uma reunião na última semana que atraiu a participação de 40 produtores integrados de aves.
Os avicultores vieram de Campo Verde, Lucas do Rio Verde, Nova Marilândia, Nova Mutum, Sorriso e Tangará da Serra.
- Uma das missões da FAMATO é estimular e dar suporte aos produtores do estado para que possam motivar, incentivar e tornar realidade toda e qualquer cadeia produtiva. A avicultura é extremamente importante, tanto pelo consumo interno de milho e soja, quanto pela geração de emprego e renda para o estado. Talvez seja a cadeia que está no topo das necessidades de alavancagem – pontuou o diretor Administrativo e Financeiro da FAMATO, Nelson Piccoli.
As relações contratuais entre integrador (agroindústria) e integrado (produtores pertencentes à mesma unidade) são feitas por meio de contratos em que são especificadas as condições de produção e/ou comercialização. Ajustar os contratos ainda é um desafio para o setor, pois, em muitos casos, os contratos estão vencidos, desatualizados ou tendencioso e com excesso de responsabilidades para os produtores.
Segundo o assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Victor Ayres, o modelo de remuneração adotado pelo sistema de integração é o principal problema.
- O modelo não é discutido com critérios e diretrizes bem definidas sobre o que deve pesar na remuneração ao produtor – afirmou.
Segundo Ayres, o sentimento do produtor integrado é que o atual modelo se esgotou já que a complexidade das fórmulas de remuneração, a falta de transparência das informações e o desequilíbrio do poder de barganha entre as partes geram um leque de possibilidades para que algumas indústrias balizem os indicadores e resultados em benefício próprio.
Paraná
Responsável por quase 35% das exportações de aves brasileiras, o Estado do Paraná tem um setor avícola forte que envolve cerca de 20 mil famílias na produção. A cadeia produtiva é a segunda com o maior Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuário do estado. “Tem muitos municípios no Paraná que vivem essencialmente da avicultura. São municípios cuja economia se dá em torno da produção de aves”, contou o médico veterinário do departamento técnico-econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep), Celso Dôliveira, que também participou da reunião.
Dôliveira mostrou as principais ações que a Faep tem realizado para fortalecer ainda mais a produção de aves no Paraná. “A Federação concentra as principais lideranças do setor em uma comissão técnica, que nos últimos oito anos tem tido uma atividade muito forte e intensa de apoio às associações de produtores”, explicou.
Dentre os trabalhos desenvolvidos estão o cálculo do custo de produção do setor, o acompanhamento legislativo, a negociação de preços e tarifas de energia junto à concessionária do estado e a viabilização de uma linha de crédito específica para os produtores adquirirem geradores de energia.
Amavi
Na segunda parte da reunião, os representantes dos avicultores de cada município apresentaram suas realidades e discutiram a reestruturação da Associação Mato-Grossense de Avicultura Integrada (Amavi).
Na ocasião, foi formada uma comissão de transição que será responsável pelo diálogo com os demais produtores de Mato Grosso. Uma nova reunião já está marcada para o mês que vem, quando a comissão apresentará os resultados do que fez, conversado com os produtores, e definirá como será a condução da Amavi.
Fonte: Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO)