O empresário Olacyr de Moraes, 84 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (16) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado havia dois dias.
Havia um ano e meio, o “rei da soja” —como era conhecido— vinha lutando contra um câncer de pâncreas. Seu corpo será cremado ainda nesta terça no Cemitério Horto da Paz, em Itapecirica da Serra.
Olacyr deixa dois filhos: Ana Cláudia e Marcos de Moraes, que foi o criador do primeiro e-mail gratuito do Brasil, o ZipMail.
Nascido em Itápolis, no interior de São Paulo, em 1931, Moraes começou com uma pequena companhia familiar de transporte de cargas, em parceria com o pai e o irmão, e se tornou um dos homens mais ricos do mundo nos anos 80.
O mais jovem bilionário brasileiro a aparecer no ranking da “Forbes”, ele comandou um império de 40 empresas que iam do setor de construção ao agropecuário.
Olacyr se aproveitou da cheia de 1973 do rio Mississippi, que arruinou as lavouras de soja dos Estados Unidos, para expandir a fronteira do grão no Centro-Oeste brasileiro através de suas fazendas, que se concentravam no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul.
Em seu auge, foi apontado como o maior plantador individual de soja, com patrimônio avaliado em mais de US$ 1,2 bilhão.
Os negócios decaíram na década de 90 por uma combinação de endividamento em época de juros altos e crescimento baixo, e ele teve que se desfazer de grande parte de seu império.
Moraes era conhecido por estar constantemente acompanhado de belas mulheres, como a ex-modelo e miss Brasil Lyliah Virna, sua namorada nos anos 90.
Ela tinha 18 anos quando engatou o relacionamento com ele, e lamentou a morte do empresário.
Mesmo em seus últimos anos, Moraes era constantemente fotografado em festas e camarotes ao lado de garotas.
Em abril do ano passado, no entanto, voltou aos noticiários por motivos menos prosaicos. Seu motorista havia mais de 20 anos, Miguel Garcia Ferreira, matou o ex-senador boliviano Andres Fermin Guzmán que ocupava o cargo de diretor internacional em uma das mineradoras do empresário.
Ele deu três tiros no boliviano próximo ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, enquanto lhe dava uma carona. Em depoimento à polícia, Miguel Ferreira disse que estava cansado de ver o chefe ser achacado por Guzmán.
Segundo pessoas próximas, o boliviano se aproveitava do empresário ao prometer que o transformaria no rei do minério. Guzmán pedia empréstimos constantes a Moraes alegando que precisava de verbas para que o negócio prosperasse. Ele estava com uma mala de dinheiro quando foi assassinado.
Empresário começou vendendo máquinas de costura
Moraes se mudou aos oito anos para São Paulo. Aos 14, começou a trabalhar ajudando seu pai a vender máquinas de costura.
Depois de perder o emprego, seu pai usou o dinheiro da indenização para adquirir uma pequena empresa de entregas rápidas, a “Expresso Foguete”, que se resumia inicialmente a três caminhões Ford modelo 29.
Aos 19, já emancipado, associou-se com o pai e o irmão para abrir uma empresa de transporte de cargas. Em 1957, os irmãos abririam a Construção e Transportes Constran Ltda, voltada para obras para a prefeitura de São Paulo.
A empresa teve o capital aberto em 1971, quando passa a construir de pontes a usinas e os primeiros quilômetros do metrô da cidade.
Depois de uma experiência com criação de gado no norte do Mato Grosso, em 1966, Moraes parte para a agricultura em 1973, com a Itamarati Agro Pecuária S. A., em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
Com área de 50 mil hectares, a companhia passou a cultivar milho, arroz, trigo, algodão e soja, cultura na qual continuaria investindo e que lhe daria o apelido de “rei da soja”.
Fonte: Folha de São Paulo