Diante da crise causada pelo novo coronavírus, empresas de máquinas agrícolas estudam conceder férias coletivas dos funcionários já no próximo mês. Segundo a Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, o assunto está sendo debatido diariamente, já que o surto da doença aconteceu de forma rápida.
“Quem pode dar homme office [trabalho de casa], está dando e fazendos aos poucos. Mas já há programação de férias coletivas para o mês que vem. Mas com certeza vamos ter fábricas com férias coletivas, as fábricas vão parar”, disse o presidente da câmara, Pedro Estevão Bastos.
Para ele, o trimestre de abril, maio e junho será marcado por paralisação das atividades. O principal motivo seria a quebra na cadeia de suprimento, com falta de peças e problemas com os fornecedores de equipamentos de máquinas agrícolas.
“Se o fornecedor para, a fábrica dificilmente consegue continuar as atividades”, explica.
Outro motivo que liga o alerta vermelho do setor é a possibilidade de queda nas vendas, causada pelo momento de incerteza na economia brasileira e também no agronegócio.
“Há um efeito psicológico no sentido de não se fazer novos investimentos, é até um efeito normal. Então com isso, o produtor espera um pouco para ver o que vai acontecer”, comenta Estevão.
Ele ressalta que o ponto positivo da situação seria a capacidade do produtor rural em voltar a fazer negócios e comprar novos equipamentos, após o fim do surto da doença no Brasil.
“Passado essa pandemia, as vendas voltariam ao normal. Acha que a partir de julho, a gente voltaria ao patamar normal, dependendo da doença. Então vamos ter uma queda abrupta e uma volta abrupta”, projeta.
O representante justifica que esse momento seria impulsionado principalmente pelo bom momento que o agricultor passa, com maior rentabilidade por conta da alta do dólar.
“O agricultor não está parado, ele está fazendo a colheita dele, vai plantar a safra e as operações continuam. O econômico está muito bom”, diz.
No entanto, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) questiona a capacidade das indústrias em conseguir, depois de três meses paralisadas, retomar a produção no mesmo patamar.
“A fábrica não vai conseguir produzir nos outros três ou quatros meses do ano o que deixou de fabricar nesse período”, completa.
Fonte: Canal Rural