A primeira safra de 2015/ 2016 promete aumento nas áreas de plantio de soja, em detrimento do cultivo de feijão. O mesmo já foi visto na temporada anterior. Com isso, a tendência é de expansão nas compras externas do integrante da cesta básica e, em consequência, preços mais altos.
Dados do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em agosto, mostram que houve queda de 8,3% na produção total de feijão do ciclo 2014/2015, de 3,45 milhões de toneladas para 3,16 milhões, no comparativo anual. Paraná – maior estado produtor – teve retração de 10,4% no período. Em contrapartida, a oleaginosa paranaense saltou 15,9%, para 17,1 milhões de toneladas. Considerada a colheita nacional de soja, houve expansão de 11,7%, para 96,2 milhões.
- Essa tendência de redução de áreas deve acontecer em todos os estados, pelo menos na primeira safra – afirma a economista da Federação deAgricultura no Estado do Paraná (Faep), Tânia Moreira. Lá, a expectativa preliminar da Secretaria da Agricultura é de diminuição de 4% no plantio de verão, porém, apostando em ganho de produtividade.
O estado líder no cultivo de feijão deve perder 7,2 mil hectares nesta safra, para 185,4 mil. O cenário abre espaço para que regiões produtores, antes menos importantes, assumam papéis fundamentais, como o Nordeste.
Oferta e demanda
Na avaliação do diretor do Bolsinha (consultoria focada em feijão), Auro Nagay, o consumo médio doméstico do grão gira em torno de 3,3 milhões de toneladas entre as variedades carioca e preto.
- Como nossa produção está um pouco abaixo disso, teremos que recorrer às exportações. Geralmente vindas da América Latina, em especial a Argentina, as compras externas ficam entre 150 e 300 mil do tipo preto, visto que o carioca é totalmente produzido e consumido aqui – diz.
Atualmente, estamos na terceira safra. O especialista lembra que, no ano passado, em meados de agosto ainda era possível encontrar o produto remanescente da segunda colheita. Agora isso não está sendo visto. Desde o mês passado os grãos têm sido colhidos e consumidos, sem sobra no mercado para estoque.
- Até na Bahia, quarto maior estado produtor, deve haver uma queda de 25% na safra, o que afeta indiretamente o maior mercado consumidor, o Nordeste – destaca Nagay.
A redução nos volumes colhidos nacionalmente se deve tanto a perda de espaço para a soja quanto ao aumento nos custos de produção, puxados pelo dólar valorizado. A ocorrência de pragas como a mosca branca faz com que a necessidade por defensivos cresça, visto que boa parte dos insumos são importados.
Contudo, o executivo da Bolsinha comenta que o consumidor final ainda não se deparou com preços mais altos no supermercado, mas isso deve acontecer em breve.
- Enquanto o produto sobrava na safra do Paraná não havia repasse. Mas agora esse reajuste para o varejo será feito – enfatiza o especialista.
Para o produtor, o grão do tipo preto tem sido comercializado entre R$ 120 e R$ 125 por saca e o carioca de R$ 150 a R$ 160 por saca.
Fonte: DCI