A Embrapa, como empresa pública, entende que a oferta do feijão transgênico RMD é uma opção para o controle efetivo do mosaico dourado, principal doença que afeta a cultura, com maior impacto econômico para o produtor e para toda a cadeia de feijão. Este impacto está relacionado a um menor uso de defensivos, menos riscos para a produção, oferta mais regular em uma cadeia com fortes oscilações de preços e viabilidade da produção em algumas regiões do país.
Ao contrário de outras doenças do feijoeiro, nunca foi encontrada uma fonte natural de resistência ao mosaico-dourado. Isso quer dizer que não existem plantas de feijoeiro comum que sejam imunes. Para evitar os prejuízos, resta ao agricultor tentar controlar a infestação de mosca-branca em sua lavoura. O principal método de controle é o uso de inseticidas químicos, que são utilizados em larga escala conforme o nível de infestação. É importante frisar que nem sempre o controle químico é totalmente eficiente, além de resultar em altas doses de inseticidas aplicados na cultura.
Assim, a alternativa para solucionar este problema é o desenvolvimento de cultivares de feijão comum geneticamente modificadas para expressarem resistência ao mosaico dourado por meio de engenharia genética. Em 2011, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) concedeu a liberação comercial do evento RMD (Embrapa 5.1). Todo o processo foi público e está disponível para consulta.
Para chegar ao feijão RMD resistente ao vírus do mosaico dourado a empresa usou da estratégia de RNA interferente (RNAi) para inserir um fragmento de DNA derivado do vírus no genoma do feijão. Quando o vírus invade, já existe dentro das células da planta esse gene que interfere no processo de multiplicação viral que ocorreria normalmente, impedindo sua replicação e, por consequência, o aparecimento dos sintomas da doença. Como resultado, tem-se uma planta “vacinada” contra essa doença. Diferentemente de outros transgênicos existentes no mercado nacional, o feijão RMD não está associado à expressão de uma proteína específica.
A Embrapa prepara o lançamento da BRS FC 401 RMD (primeira cultivar de feijão RMD) para o primeiro semestre de 2019. Será ofertada ao mercado brasileiro por meio de empresas de sementes parceiras via licenciamento. Será feita uma oferta pública para selecionar parceiros que atendam a requisitos de qualidade, gestão responsável e experiência no mercado de feijão. Essas empresas integrarão a estratégia de monitoramento comercial estabelecida pela Embrapa, permitindo o correto acompanhamento da tecnologia ao mercado. A Embrapa multiplicará sementes com estes parceiros no plantio de inverno (até maio de 2019) visando atender ao mercado na safra de final de ano (2019/2020), com plantio a partir de outubro.
A BRS FC401 RMD será mais uma opção para o agricultor dentro de um portfólio de cultivares da Empresa. A Embrapa não deixará de ofertar materiais convencionais e de outras classes comerciais. A genética BRS ocupa atualmente cerca de 60% do mercado nacional de sementes de feijão. Ao longo dos últimos 35 anos de pesquisa a Embrapa lançou 60 cultivares para a cultura. Algumas dessas cultivares se tornaram referência para o mercado, como por exemplo, a cultivar Pérola (mais plantada durante 20 anos) e a BRS Estilo (atualmente o padrão de qualidade do mercado). Outros materiais BRS se destacam no mercado como a BRS FC104 (a primeira superprecoce, ciclo de 65 dias) e a BRSMG Madrepérola (de escurecimento lento).
Fonte: Notícias Agrícolas