O Paraná é destaque internacional na produção de proteínas animais. Maior produtor de frango e tilápia e segundo maior produtor de leite e de suínos do Brasil, os pecuaristas do Estado acumulam recordes de quantidade e qualidade. Mas, a futura conquista do novo status sanitário de área livre de febre aftosa sem vacinação junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) dará um ânimo ainda maior à economia paranaense. A expectativa é de crescimento considerável com a conquista de novos mercados, nos quais, antes, as empresas do Estado sequer conseguiam sentar à mesa de negociações.
Para preparar os pecuaristas do Paraná, uma rodada de encontros que envolvem o Fórum Regional Paraná Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação está ocorrendo. Os primeiros dois eventos aconteceram em Paranavaí, na região Noroeste, no dia 14, e em Cornélio Procópio, no Norte, no dia 15. A iniciativa é uma promoção do governo estadual, com apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR, entre outras entidades. Os próximos encontros ocorrem em Guarapuava (21), Pato Branco (22), Cascavel (23) e Curitiba (29).
“É importante não baixarmos a guarda, aplicarmos ainda mais rigor em nossas atividades, o que os nossos produtores já estão acostumados a fazer. Afinal, a qualidade dos produtos paranaenses é uma referência internacional. Foram décadas de muito trabalho que vão resultar em uma série de benefícios não só diretamente ao produtor rural, mas a todo o Paraná, que vai gerar mais riquezas e empregos por meio do agronegócio, setor que é o motor da nossa economia”, afirma o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.
A ideia de promover encontros com os produtores, segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, foi levar informações técnicas, tirar dúvidas e debater os próximos passos a serem adotados pelo Estado para a obtenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação. “A biosseguridade não é algo que depende apenas do governo. Cada produtor rural tem um papel fundamental de tomar medidas em direção às boas práticas na propriedade.
O sistema sanitário não interessa apenas ao governador, ao secretário, interessa à cadeia produtiva como um todo, que terá capacidade de acessar novos mercados e movimentar a economia paranaense”, disse o secretário.
Para Elias Zidek, diretor-executivo da Cooperativa Frimesa, com sede em Matelândia, na região Oeste, com a mudança de patamar, nos próximos três anos, o Paraná se tornará líder na produção de suínos, ultrapassando Santa Catarina (hoje o único Estado livre de febre aftosa sem vacinação e líder na cadeia). “Em três anos, o Paraná vai se tornar o maior produtor de carne suína do Brasil. Posso dar o nosso exemplo, do frigorífico que estamos construindo em Assis Chateaubriand, com capacidade de abater 15 mil cabeças por dia. Há muitos projetos como o nosso pelo Paraná, que estavam apenas esperando a chance para se concretizar. E essa oportunidade chegou”, comemora.
Zidek revela que não será necessária uma espera de muito tempo para começar a vender a mercados como o Japão, que hoje paga até 30% a mais pelo suíno e que o Paraná não consegue atender por não ter o reconhecimento da OIE. “Já estamos com uma aproximação de diversos países. Somos procurados a todo momento para realizar ofertas de produtos. Como o Paraná estava fora do circuito, nós simplesmente não podíamos negociar, ou vender, por causa dessas restrições. Vai ser rápida essa evolução. Assim que tiver a certificação da OIE, os negócios estão aí apenas esperando para acontecer”, estima.
Papel da FAEP
Há décadas, a FAEP e o SENAR-PR vêm atuando de maneira firme na construção de um sistema sanitário confiável e ágil para conter qualquer ameaça aos rebanhos paranaenses. Isso desde a atuação de mobilização de produtores e lideranças políticas até a formação de profissionais dentro das mais rigorosas normas internacionais de sanidade animal. “Tivemos uma longa caminhada para chegarmos até aqui, com a participação fundamental de cada produtor. Agora, temos que avançar e seguir com o rigor na sanidade, que nos trouxe onde estamos e que vai nos levar ainda mais longe na produção de alimentos para o Brasil e o mundo”, enfatiza o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Um dos destaques nos últimos meses foi a participação de uma mobilização estadual para que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) permitisse que o Paraná pudesse antecipar o pedido do status de área livre de febre aftosa sem vacinação à OIE. O Estado faz parte do Bloco V do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), que inclui Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina (já livre). Pelo calendário do Bloco, a última vacinação será em 2021, mas o Paraná obteve o aval para que a campanha de imunização deste ano, em andamento neste mês de maio, seja a última em território paranaense.
Atenção redobrada
O diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, classifica a conquista estadual como um novo momento para a pecuária. “Essa é a hora de, mais do que nunca, mantermos nossa atenção redobrada com nossa produção. Faço aqui um convite para que todos fortaleçam os Conselhos de Sanidade Animal, com efetiva participação da sociedade e dos técnicos prestando assessoria.
Precisamos da ajuda de todos nesse momento em que retiramos a vacinação contra febre aftosa”, disse Martins. O médico veterinário da Adapar Rafael Gonçalves Dias lembra que a febre aftosa é uma doença bastante contagiosa e que, por isso, é usada como uma espécie de baliza do sistema sanitário no mercado internacional. Ou seja, se há controle dessa enfermidade significa que o mundo deposita confiança em como os alimentos de origem animal de determinado local são produzidos.
“A Adapar vem trabalhando em uma série de medidas no sentido de proporcionar segurança alimentar, como fiscalização dentro das propriedades, no trânsito animal e nas indústrias do setor de produtos de origem animal, além da realização de diagnósticos para que as ações sejam efetivas e estratégicas”, enfatiza.
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Fonte: Sistema FAEP