Cocho de sal com antena Wi-Fi. Chip na orelha do boi e controle de ração feito pelo computador. Todas essas tecnologias já estão em teste para gado de corte em uma fazenda experimental da Embrapa em São Carlos, São Paulo.
O foco dos pesquisadores é a chamada pecuária de precisão: com um programa de computador, eles acompanham o desenvolvimento do rebanho. É o primeiro sistema desenvolvido e instalado a campo para monitoramento de gado de corte em áreas abertas.
Estudo para engorda
Um dos estudos que estão sendo feitos é para a engorda de 70 bois a pasto. Em uma área de 30 hectares, são testados dois sistemas de pastagens. Metade tem pouca ou nenhuma sombra e, na outra, a braquiária é intercalada com eucaliptos.
Cada animal é marcado com uma numeração pintada com tinta atóxica, para poder ser identificado de longe, e também recebe uma coleira que porta dois sensores.
Um deles registra a movimentação e outro capta o som do boi pastando ou ruminando – quando regurgitam o alimento e mastigam novamente para quebrar as fibras do capim e ajudar na digestão.
Antenas alimentadas com energia solar captam informações dos sensores nas coleiras via Wi-Fi e as enviam para um computador central. Dá para ver quanto tempo cada um deles ficou em atividade, em ruminação e até mesmo em ócio.
A pesquisa ainda está em andamento. Ainda não se sabe, por exemplo, se os animais ganham mais peso na área com eucaliptos ou a pleno sol. Mas os pesquisadores já conseguiram algumas pistas.
“As áreas sombreadas favorecem o tanto tempo de ingestão, ou seja, de alimentação, quanto o tempo de ruminação do animal, que aumentam. E diminui o tempo que ele permanece parado”, explica Alexandre Rosseto Garcia, pesquisador da Embrapa.
Rebanho confinado
Para o rebanho confinado, os pesquisadores montaram um sistema totalmente automatizado. A criação é de 44 machos, da raça Canchim, com média de 550 quilos cada um.
A engorda dos animais é feita só com uma ração da própria Embrapa, que tenta desenvolver um alimento que diminua a produção de metano, gás nocivo que os bovinos lançam na atmosfera quando arrotam.
Mudou também a identificação dos animais. Se antes eles eram marcados com ferro em brasa, agora recebem um chip implantado atrás da orelha.
Um equipamento faz a leitura e o programa no tablet dá todas as informações do animal.
Nas palavras do pesquisador Alexandre Rosseto, é assim que será a pecuária do futuro: “cada vez mais intensiva, da vez mais precisa e cada vez mais responsável”.
Fonte: G1