O preço da farinha de trigo deve ficar 10% mais caro a partir de março, segundo previsão do Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo). Isso apesar de o Rio Grande do Sul ter produzido cerca de 2,5 milhões de toneladas do cereal em 2016 (segundo a Conab), 70% a mais do que no ciclo anterior.
Conforme a entidade que representa os moinhos, a pressão sobre o valor que será repassado ao consumidor se deve a uma combinação de fatores que inclui os baixos níveis do estoque de passagem, em decorrência da quebra das safras 2014 e 2015 e dos leilões de PEP e Pepro promovidos pelo governo federal desde o final do ano passado para enxugar o mercado.
O presidente do Sinditrigo, Andreas Elter, admite que há trigo, mas constata que a conta é apertada.
- Houve a influência do governo, artificialmente, e isso mexeu com o mercado – argumenta.
A situação foi agravada, na avaliação do dirigente, com o uso de trigo para ração animal, em função da recente escassez de milho, principal componente da alimentação de aves e suínos. Elter observa, ainda, que o trigo disponível hoje seria suficiente para dois ou três meses, o que deixa a indústria em alerta com relação ao restante do ano, antes da entrada da próxima safra do cereal no mercado.
A sugestão do Sinditrigo/RS ao produtor é que “segure” o grão para vendê-lo aos moinhos mais adiante, a um preço melhor, a exemplo do que ocorreu na Argentina, onde o cereal ficou mais caro. Apesar do estoque ajustado, o dirigente acredita que os moinhos gaúchos devem importar metade do volume de 800 toneladas adquirido em 2016 de outros países.
Fonte: Correio do Povo