Depois das chuvas frequentes desde o plantio da soja, a pressão da ferrugem asiática e a estiagem durante o mês de março – em algumas regiões foram mais de 30 dias sem chuva – acabaram frustrando a expectativa de muitos sojicultores gaúchos que viram o potencial produtiva das lavouras reduzirem no ciclo final da cultura.
- Se lá pelo dia cinco de março tivesse dado uma chuva, a produção seria outra – destaca o agricultor de Sede Aurora/Quinze de Novembro, João Henrique Franken, que no período de 20 de fevereiro a 25 de março não registrou nenhuma gota de água na propriedade.
Por outro lado, o excesso de umidade e a temperatura na faixa de 20ºC e 25ºC nos primeiros meses da safra favoreceram a instalação da ferrugem, resultando em um dos ataques mais severos da doença dos últimos anos. Para piorar a situação, muitos produtores acabaram facilitando ao atrasar as primeiras aplicações de fungicidas na ilusão de que a lavoura estava “bonita” e não era necessário o tratamento.
- Tem agricultor que este ano se preveniu contra a lagarta e esqueceu a ferrugem – observa a engenheira agrônoma da Unidade da Löser em Esquina São José/Ibirubá, Georgia Maldaner.
- Além da ferrugem, teve muito problema com podridão de raiz e doenças de final de ciclo – acrescenta o engenheiro agrônomo da Löser em Quinze de Novembro, Gerson Schiavo, que recomenda aos agricultores iniciar o tratamento da ferrugem 40 dias após o plantio em caso de clima propício (calor e umidade).
Produções distintas na mesma safra
As primeiras cargas colhidas nesta safra também contribuíram para aumentar a esperança de uma colheita fantástica – a soja semeada até a metade de novembro escapou da ferrugem e, principalmente, da falta de chuva em março.
- A soja plantada mais tarde apresentou perda no peso do grão e o rendimento nessas áreas baixa para 50 sacas/ha – analisa o engenheiro agrônomo da Löser Cereais em Ibirubá, Anildo Carboni.
Essa é a realidade nos 230 hectares cultivados por João Henrique Franken – a primeira colheita realizada em 10 de março obteve rendimento médio de 68 sacas/ha, mas a soja tardia não deve render mais de 55 sacas/ha.
- Mesmo assim será uma safra boa com uma média geral em torno de 62 sacas/ha. Se a gente colhesse sempre assim, não teria o que reclamar – revela o agricultor que está colhendo a maior safra de todos os tempos.
- A média geral da região deve ficar em 65 sacas/ha. Têm áreas isoladas que alcançaram 80 sacas/ha, como também teve lavoura de 50 sacas/ha – ressalta o técnico agrícola da Löser em Ibirubá, Guido Luis Baumgratz.
Pelos lados de Santa Clara do Ingaí/Quinze de Novembro, a engenheira agrônomo da Löser, Cristina Prass, percebeu que quem fez o manejo de fungicidas corretamente colheu acima de 70 sacas/ha.
- Nas demais áreas houve perdas de produtividade devido a falta da última chuva para o enchimento do grão e o tratamento inadequado, mas não baixando de 60 sacas/ha – reitera Cristina.
O sojicultor de Alfredo Brenner/Ibirubá, Selso Quandt, seguiu as recomendações técnicas e com cinco aplicações de fungicidas não teve problemas com a ferrugem.
– Do jeito que tá saindo soja a média vai ficar acima de 70 sacas/ha – ressalta Selso.
A Emater mantém a projeção de uma safra recorde no Rio Grande do Sul com uma produção nos 5,12 milhões de hectares de 14,84 milhões de toneladas – 13,78% acima dos 13,04 milhões de toneladas colhidos na temporada passada.
SAFRA SOJA 2014/15
Área: 5.125.350 hectares
Produtividade: 2.896 (kg/ha) – 48,26 sacas/ha
Produção: 14,84 milhões de toneladas
Fonte: Emater