Uma reversão nos cenários de demanda e preços do trigo tem modificado as intenções de plantio da cultura no Rio Grande do Sul. Tarde demais, pois em meio a um momento de otimismo faltam sementes para atender a nova estratégia de apostar no cereal. Os fortes problemas climáticos da última safra fizeram com que o triticultor planejasse esta temporada desestimulado. Tanto que no Paraná, maior estado produtor, estima-se redução média de 14% na colheita e a tendência de menor área cultivada se estendeu a todo o País.
O cenário vinha em uma condição e se alterou rapidamente, favorável para quem detém grãos , avalia o assistente técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS), Alencar Paulo Rugeri. A primeira modificação foi o aumento na remuneração da safra de verão, que capitalizou os produtores de soja e que tornaria viáveis novos investimentos no período de inverno.
Em seguida, a transição de fenômenos, de El Niño para La Niña, melhorou as projeções de clima para as lavouras de trigo e, segundo o especialista, também deve trazer um ambiente positivo para os cultivos de 2016/ 2017.
Para finalizar, a redução no plantio e a migração de agricultores para o milho safrinha, ao invés do trigo no Paraná, puxou para baixo a oferta nacional do cereal, sustentando preços mais altos. De acordo com a Emater-RS, nos últimos dias o produto gaúcho teve ganhos de 20% em valor, ao passar de R$ 750 para R$ 900 por tonelada. Até o trigo de baixa qualidade tem espaço como matéria-prima no mercado de ração para pecuária.
Há cerca de 20 ou 30 dias, a semente se esgotou , lembra Rugeri. Existem três tipos de sementes: as certificadas, as fiscalizadas e as salvas, registradas pelo produtor. Considerando que nenhuma delas está disponível, acreditamos que a área de plantio não deve passar dos 850 mil hectares no estado , acrescenta o presidente da comissão de trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim.
Essa mudança de planos tem ocorrido com os produtores que não traçaram uma estratégia fica para a temporada. O presidente da Câmara Setorial das Culturas de Inverno, Flávio Turra, ressalta que o agricultor que trabalha com um sistema de rotação de culturas o mantém, mesmo diante de alteração nas questões econômicas do setor.
Resta saber se os triticultores conseguirão preços altos lá na frente, na época de colheita , comenta ainda o diretor técnico da Emater-RS, Lino Moura, em relação a um possível aumento na oferta final.
No campo, com 25% da área semeada no RS e uma janela de plantio que vai até julho, alguns produtores ainda relatam problemas com sementes de baixo poder de germinação e lavouras apresentando falhas, até necessidade de replantio em certos casos, segundo a Emater. Especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destacam o excesso de chuvas como um fator que tem dificultado o semeio do grão nas principais regiões produtoras.
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor