No dia 11 de fevereiro, o Paraná deu mais um passo
importante em direção à obtenção de reconhecimento internacional como área
livre de febre aftosa sem vacinação. Na ocasião, o Paraná inaugurou o Posto de
Fiscalização de Trânsito Agropecuário (PFTA), em Campina Grande do Sul,
cumprindo a última exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa). A construção do posto e as obras estruturais custaram R$
1,3 milhões, pagos com recursos privados, administrados pelo Fundo de
Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec-PR). Mas a participação da
iniciativa privada na consolidação do sistema sanitário paranaense vai bem
além.
De 1997 a 2019, o Sistema FAEP investiu US$ 10,2 milhões em
diversas ações de sanidade animal, fomentando a participação em reuniões e congressos
de órgãos internacionais, como a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE)
e da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa, e estimulando a
criação de políticas públicas.
“Quero dizer que estamos felizes. Mas vamos estar ainda mais felizes em maio de 2021, porque tenho convicção de que vamos obter o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação”, disse o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette. “Estamos escrevendo uma nova história para a pecuária do Paraná”, acrescentou.
Cumprimento das exigências
Localizada ao km 11,5 da BR-116, o novo PFTA se soma a
outros 32 que compõem a rede gerenciada pela Agência de Defesa Agropecuária do
Paraná (Adapar) que fiscaliza todos os caminhões que transportam animais e
produtos agropecuários que queiram entrar ou cruzar o Estado. A unidade
recém-inaugurada vai se manter em funcionamento 24 horas por dia, com oito
assistentes de fiscalização se revezando em regime de escala.
“Para nós, este é um momento de comemoração. Estamos cumprindo um dos últimos requisitos do Mapa para conquistarmos o novo status. Fechamos as nossas fronteiras, com os 33 postos, principalmente os 23, do ‘arco norte’. Sem a participação de vocês [iniciativa privada], nada disso seria possível”, disse o diretor-presidente da Adapar, Otamir César Martins, durante a inauguração do novo PFTA.
Além de ter finalizado as barreiras de fiscalização
sanitárias, o Paraná deu um outro passo decisivo para cumprir a última
exigência do Mapa. Em 7 de fevereiro, o governo do Paraná lançou o edital do
concurso público por meio do qual irá contratar 30 fiscais [médicos
veterinários] e 50 assistentes [técnicos agrícolas ou agropecuários] de defesa
agropecuária para o quadro da Adapar”, destacou Meneguette. A prova será
aplicada em 10 de maio, nas cidades de Curitiba, Londrina e Cascavel.
A vacinação contra a febre aftosa no Paraná foi suspensa pelo
Mapa em outubro de 2019. A campanha de imunização, na prática, foi substituída
pela atualização do rebanho junto à Adapar – em que, duas vezes por ano, os
criadores de quaisquer animais para fins comerciais devem preencher o cadastro
oficial.
Paralelamente, desde 6 de janeiro deste ano, o Paraná fechou
suas fronteiras sanitárias. Isso significa que, conforme determinação do Mapa,
o Estado passou a proibir a entrada de bovinos e bufalinos voltados à cria,
recria e engorda que provenham de unidades da federação que imunizam seu rebanho
contra a febre aftosa. Esses animais só podem dar entrada no Estado se
estiverem sendo transportados como carga lacrada, a ser encaminhada para abate
imediato ou para cruzarem o território paranaense, em direção a outras unidades
da federação.
“Este marco é uma sequência que nos traz segurança alimentar,
sustentabilidade, mas que dobra a nossa responsabilidade de vigilância.
Precisamos estar mais vigilantes”, disse o diretor-executivo do Fundepec-PR,
Ronei Volpi, que há décadas acompanha as políticas de defesa agropecuária do
Paraná.
“Tudo isso é um esforço de longo prazo, em que estamos construindo o avanço do Paraná. Tudo isso, para evoluirmos e mostrarmos ao mundo uma ‘cara limpa’. Temos outros passos importantes neste ano, com o inquérito sorológico, que vai chancelar que o nosso Estado continua livre da doença”, disse o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara.
Novos mercados
Os leigos podem perguntar: por que o novo status sanitário é tão importante? Com o reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação, o Paraná passa a ter um atestado internacional de credibilidade sanitária, de acordo com parâmetros mundiais. Com essa chancela, o Estado pode acessar mercados mais exigentes e que pagam mais pelos produtos, como a União Europeia. Essa abertura de mercado não se restringe à bovinocultura, mas também a outras cadeias em que o Paraná já se destaca internacionalmente, como a avicultura e a suinocultura.
“Muitos produtores, cooperativas e empresários não têm ideia do impacto que [o novo status] vai trazer. Quem acompanhou o Fórum Econômico de Davos, viu: a palavra de ordem é sustentabilidade. Quem não tiver sanidade, quem não tiver sustentabilidade, vai ter dificuldade. Nós não teremos dificuldades, porque estamos seguros”, disse Meneguette. “Vão ser tantas oportunidades que vão faltar produtos para gente exportar”, acrescentou.
“As oportunidades estão crescendo. A China está importando
um Brasil por ano em suínos. Tudo é oportunidade para a gente. Temos condições
de disputar o mercado internacional, com qualidade, credibilidade e preços
competitivos”, avaliou Ortigara.
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, apontou
que as cooperativas do Paraná já estão se preparando para aproveitar as
oportunidades que devem ser criadas em razão do reconhecimento internacional.
Segundo ele, só neste ano, as cooperativas devem investir, juntas, um total de
R$ 3,8 bilhões, já se adaptando às exigências do mercado mundial.
“Se não tivéssemos nos unido, não estaríamos, agora, prontos
para esta nova realidade. E o mercado internacional já percebeu isso”, avaliou
Ricken. “As cooperativas estão se preparando com investimentos. Temos que
agregar valor, conquistar novos mercado e manter os mercados atuais”, destacou.
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Fonte: Sistema FAEP