A Arábia Saudita suspendeu, em janeiro, a compra de aves de alguns frigoríficos brasileiros. Uma das principais empresas do setor de patos, em Indaial, no Vale do Itajaí, Santa Catarina, entrou no embargo e está preocupada com o futuro de sua operação. A produção está sendo estocada e há possibilidade de ter que conceder férias coletivas para os funcionários.
A companhia abate, em média, 13 mil patos por dia. A carne é muito apreciada no exterior: 70% do que é produzido no local é exportado, sendo 30% para a Arábia Saudita. A decisão do país de barrar a compra da unidade veio no final do mês passado.
“Foi uma surpresa para nós todos, porque não tínhamos recebido a visita técnica que tinha ocorrido no fim do ano passado. Então não teve nenhum critério técnico que nos abonasse”, diz Marcondes Moser, diretor do frigorífico.
Com a suspensão, o produto que seria vendido em janeiro e agora em fevereiro está sendo estocado. Se o cenário de incerteza continuar, o prejuízo no faturamento anual pode chegar a R$ 10 milhões.
“Logicamente, nós vamos ter que interromper o ciclo de campo. Estamos falando em 130 mil aves a menos alojadas junto aos nossos integrados. Provavelmente agora em março teremos que dar férias coletivas”, reclama o supervisor de produção Adilson Facco.
O abate segue os critérios da técnica halal, um conjunto de exigências que têm que ser seguidas por quem quer exportar para os países muçulmanos.
“Tudo ok, não temos problema nenhum. E nunca teve uma reclamação sobre o corte, de que estivesse fora das regras da nossa religião”, afirma Murad al Younes, supervisor do abate halal da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras).
A empresa de Indaial tem 53 famílias integradas, que criam patos nos aviários e vendem para ela. Simone e Márcio Forlin são produtores em Luiz Alves e trocaram a criação de frango pelo pato pequim. Hoje alojam 19 mil aves em dois aviários.
“A gente foi pego de surpresa com essa notícia do embargo árabe. Aí a gente fica preocupada com esta situação. A gente espera que se resolva o quanto antes”, diz Márcio.
A direção da empresa está em contato com autoridades do Brasil e da Arábia Saudita para tentar resolver a situação.
Fonte: G1