O início do ano não foi bom para os produtores de feijão no Estado. Em Guarapuava (Região Centro Oriental), as chuvas, que começaram no final de 2015 e ainda não deram trégua, prejudicaram as propriedades que cultivam a leguminosa, diminuindo consideravelmente a oferta do produto e contribuindo para o aumento do preço.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Guarapuava é uma das regiões de destaque no Estado para o cultivo de feijão, responsável por 7% da produção estadual. A expectativa de colheita no início da primeira safra, em outubro de 2015, era de 335 mil toneladas para todo o Paraná e hoje está em 284,5 mil toneladas, uma queda de 15%, provocada, principalmente, pela chuva e falta de luminosidade no campo.
Segundo o economista do Deral Marcelo Garrido, em Guarapuava a queda foi de 39%, saindo de uma estimativa inicial de 32 mil toneladas para um número atualizado de 20 mil toneladas. Em Francisco Beltrão (Sudoeste), outro importante polo produtor da leguminosa no Estado, a perda foi de 27%, enquanto os produtores de Apucarana (Norte) perderam 27%.
Ainda segundo Garrido, com a perda geral na produtividade, os preços dispararam. A saca de 60 quilos do feijão carioca foi comercializada no Estado, em média, a R$ 183,75 em março, enquanto o mesmo produto era vendido a R$ 135,85 em março do ano passado, um acréscimo de 35%. Já a saca de 60 quilos do feijão preto, principal variedade cultivada no Estado durante a primeira safra, foi vendida a R$ 141,47, em média, este mês, alta de 17% em relação ao mesmo mês de 2015.
Consumo
De acordo com o relatório de perspectivas para a safra 2015/16, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o mercado, hoje, é abastecido pela colheita da primeira safra. O consumo nacional tem variado entre 3,3 milhões de toneladas e 3,6 milhões de toneladas, em razão da disponibilidade interna e dos preços praticados no mercado. A produção total estimada pela Conab é de 3,166 milhões de toneladas para a safra atual.
Ainda conforme dados da Conab, o Paraná, principal produtor da leguminosa no País, está deixando de plantar o feijão comum preto na primeira safra em detrimento à soja, mas está expandindo a superfície cultivada na segunda safra, com o feijão carioca beneficiado, em parte, pela qualidade do produto e menor custo de produção.
O relatório da Conab lembra que entre os meses de dezembro e fevereiro ocorre forte queda no consumo, ocasionada pelas festividades de final de ano e férias escolares. E a partir de abril, com a intensificação da entrada da produção da safra da seca, a tendência é de baixa nos preços, que passam a ser cotados pelo comportamento da safra nordestina. Este ano, este panorama deve mudar em função do excesso de chuvas.
Segundo a engenheira agrônoma Sueli Karling, que atua em Guarapuava, “o excesso de chuvas derrubou muitas flores e vagens” no campo, dificultando tanto a colheita como a fase vegetativa da lavoura. A especialista ainda destaca que as erosões ocorridas na lavoura “fizeram com que a germinação acontecesse dentro do próprio pé de feijão, que perdeu seu valor comercial”.
Fonte: Folha de Londrina – 14/03/2016
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