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EXCELÊNCIA NA AGRICULTURA

Com o objetivo de desenvolver metodologias para viabilizar o equilíbrio entre o uso racional de agroquímicos e o menor dano ambiental, desde 2007 o Núcleo de Investigação em Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos e Máquinas Agrícolas (Nitec), vinculado ao curso de Agronomia, da Universidade Estadual Norte do Paraná (Uenp), em Bandeirantes, tem se tornado uma das principais referências de estudos na área pela estrutura que oferece e pela produção de pesquisas: uma média de 12 a 15 trabalhos, por ano, publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, além da divulgação em congressos, seminários e dias de campo.

O local serve para estudos de pesquisas e iniciação científica de alunos estagiários/bolsistas e voluntários de graduação e pós-graduação. O Nitec enfoca quatro linhas de pesquisa: Redução de contaminação ambiental por deriva, evaporação e lavagem por chuva; Melhoria da qualidade da aplicação (depósito e cobertura); Avaliação da qualidade de aplicação proporcionada pelos pulverizadores e Nível de contaminação dos pulverizadores.

- No Nitec temos uma estrutura diferenciada e rara, mesmo se levarmos em consideração os cursos de Agronomia ofertados em grandes centros do Brasil. O que temos aqui está orçado em aproximadamente R$ 2 milhões – destaca o professor Marco Antonio Gandolfo, coordenador do Nitec.

Um dos diferenciais é o túnel de vento para ensaio de deriva, com 20 metros de profundidade, que permite a simulação de deriva – a dispersão indesejada de agroquímicos pela ação do vento (simulado artificialmente no local por um ventilador de grande dimensão). Telas convertem o vento turbulento em laminar. Com uma espécie de barreira móvel disposta a cada cinco metros do túnel, com cinco fios de nylon de dois milímetros, a um metro de altura, é possível medir a quantidade de produto retido a cada etapa. No final, uma cortina de água evita a dispersão do produto testado para o exterior do túnel.

- É o único laboratório do Brasil que tem esse túnel nessa profundidade. Isso permite que sejamos mais precisos na pesquisa. Fazemos diversos testes, com as mais diferentes tecnologias – explica Gandolfo.

Além disso, todo o processo é feito por meio de procedimentos ecologicamente adequados, que incluem o recolhimento de resíduos químicos líquidos utilizados nos testes em uma piscina para evaporação e posterior recolhimento do resíduo sólido restante, que é incinerado em fornalha industrial. Outro diferencial do laboratório é a pista com barra para simular o processo de pulverização (seção de teste) que se desloca sob trilhos e permite até mesmo a criação artificial de iluminação e chuva que influenciam diretamente no desenvolvimento das mudas de plantas utilizadas nos testes, que incluem a combinação de dados como velocidade, volume, dose e pressão, entre outros, para a pesquisa.

Braço direito de Gandolfo no Nitec há três anos, o professor Roni Batista de Oliveira demonstra que um dos trabalhos de pesquisa desenvolvido no local chega a envolver a simulação em câmara climática de condições específicas de temperatura e umidade para avaliar o desempenho de uma determinada tecnologia/produto em gota sob a superfície de uma folha após a pulverização. Nas lâminas de teste visualizadas no computador, a constatação com dados exatos sobre o tipo de agroquímico utilizado e o tempo de evaporação.

- Quanto mais tempo demorar para a gota evaporar, mais eficiente poderá ser o produto. Isso é um dado importante que está relacionado a uma série de fatores, como a aplicação correta, e até mesmo a textura da folha, se tem ou não tem pelo, por exemplo – observa – o nosso objetivo é encontrar a ‘gota ótima’, que tenha a concentração ideal, com mais capacidade de molhamento e que demore mais para evaporar – acrescenta ele.

Essa linha de pesquisa também rendeu a ele, em 2013, a conquista do segundo lugar, no “6º Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação”, com o estudo “Sistema experimental para quantificar a evaporação e molhamento de gotas sob condições climáticas controladas”.

‘PROFESSOR PARDAL’

Apelidado no meio acadêmico como “Professor Pardal”, por sua criatividade e inventividade, o professor Gandolfo acredita que a influência do seu pai, que era mecânico, acabou por contribuir no seu desejo de buscar soluções práticas para os desafios que o cotidiano apresenta – o que inclui mesmo ter que soldar uma mesa de trabalho para o laboratório.

- Os alunos devem ser motivados nesse sentido e eu tive um bom professor, que foi o meu pai. Meus irmãos e eu éramos estimulados a entender o porquê das coisas e procurar soluções. Acabei me interessando por Agronomia e não por acaso sou responsável pela área de Máquinas e motores – observa o professor e pesquisador, de 51 anos, que nasceu em Santa Mariana, mas fez sua graduação em Agronomia na Uenp, de Bandeirantes.

- A evolução da ciência não segue por caminho suave, tão pouco se resume a insights esporádicos que trazem a solução milagrosa e barata. A ciência precisa de trabalho, de inteligência e de recursos, possibilitando que todas as mentes expressem seu potencial criativo – conclui.

Mais Prêmios

As pesquisas realizadas pelo Nitec também já renderam as seguintes premiações: “Prêmio Jovem Inovador”, em 2008, com uma invenção de máquinas de plantio em fita de papel e “Prêmio Dow”, durante o 4º Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação, em 2011, com o trabalho sobre deriva na aplicação de agrotóxicos.

Fonte: Folha Web



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