O Banco Central se debruçará sobre evidências sólidas na sua avaliação sobre a possibilidade de reduzir os juros, afirmou nesta quinta-feira o presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, completando que o BC vem conduzindo sua política com a prudência que o momento requer.
Falando em evento em São Paulo promovido pela revista Istoé Dinheiro, Ilan repetiu que o BC precisa antes de reduzir a Selic ver avanços em relação à persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação. Também destacou que componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica devem indicar desinflação em velocidade adequada, e que a incerteza sobre os ajustes necessários na economia precisa diminuir, mencionando diretamente as medidas fiscais.
- O Copom (Comitê de Política Monetária) avaliará a evolução da combinação desses fatores, pois não há fator que seja determinante por si só para as decisões de política monetária – afirmou.
- Os membros do Copom tomam suas decisões com base em avaliações necessariamente subjetivas, mas sempre calcadas em evidências sólidas sobre os fatores – completou.
Ilan reafirmou o compromisso do BC com o controle da inflação em todo o horizonte relevante para a política monetária, inclusive a convergência para a meta de 4,5 por cento em 2017.
- Temos conduzido a política monetária com a prudência que o momento requer, de forma a garantir uma desinflação sólida e uma recuperação sustentável, ao mesmo tempo – disse.
O presidente do BC também reiterou que a autarquia respeita o regime de câmbio flutuante, mas que isso não impede que:
- Quando e se estiverem presentes as condições adequadas, e sem ferir as premissas desse regime, use com parcimônia e de forma previsível as ferramentas cambiais de que dispõe – disse.
Ele exemplificou a atuação com a redução gradual da posição do BC em swaps cambiais, mas ressalvou que o espaço para a investida tem mudado.
- Acredito que, nas condições atuais, o espaço para essa atuação tem diminuído em função da proximidade da normalização das condições monetárias nos Estados Unidos – disse.
Ilan pontuou que o país deve aproveitar a janela de oportunidade ainda aberta com os juros baixos em economias desenvolvidas para promover reformas e ajustes.
- É fundamental perseverar nos ajustes e nas reformas da economia brasileira para reduzir as incertezas, oferecendo perspectivas de crescimento sustentado e inflação baixa e estável no futuro – afirmou.
Nesse contexto, o presidente do BC ressaltou a importância da racionalização dos gastos para colocar a dinâmica da dívida pública em ordem, classificando a Proposta de Emenda à Constituição que estabelece um teto para as despesas públicas e a reforma da Previdência como “ações fundamentais”.
Fonte: Reuters