Mais de 240 produtores rurais, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e estudantes participaram, na última sexta-feira (28/07), do 4º Fórum Norte Gaúcho do Milho, promovido pelo Sindicato Rural de Getúlio Vargas, Associação Comercial, Cultural, Industrial, de Agropecuária e de Serviços de Getúlio Vargas (Accias), Prefeitura, Emater/RS-Ascar, Faculdade Ideau e Associação dos Engenheiros Agrônomos da Regional Getúlio Vargas. O encontro, que aconteceu no Centro Comunitário Centenário, contou com o patrocínio da Sicredi Estação, Cotrijal, Pioneer, DuPont, Dekalb, Sementes Agroceres e Santa Clara.
A solenidade de abertura contou com a presença do prefeito de Getúlio Vargas, Mauricio Soligo; do presidente do Sindicato Rural de Getúlio Vargas, Sidnei Beledeli; do secretário de Desenvolvimento Econômico, Ademar José Rigon; do diretor de Agronegócios da Accias, Luiz Carlos da Silva; do gerente adjunto do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Erechim, Marcos Gobbo; do coordenador do curso de Agronomia da Faculdade Ideau, professor Ronaldo Meirelles; do presidente da Sicredi Estação, Euzébio José Rodigheiro; e do engenheiro agrônomo Paulo Edgar da Silva, representando a Associação dos Engenheiros Agrônomos da Regional Getúlio Vargas.
A primeira palestra foi do professor doutor Christian Bredemeier, engenheiro agrônomo, mestre em Agronomia e em Fitotecnia, doutor em Nutrição de Plantas e Agricultura de Precisão que falou sobre os Avanços e Desafios do Manejo de Nitrogênio na Cultura do Milho. Ele abordou os sintomas da deficiência de Nitrogênio na cultura do milho, que provoca menor desenvolvimento da planta, maior senescência de folhas e menor duração do subperíodo de enchimento de grãos. Segundo ele, o desafio do manejo deste nutriente é saber o momento da aplicação, a dose a ser aplicada, em que local aplicar. Chistian explicou que a baixa eficiência do uso de Nitrogênio tem a ver com o pH do solo, o nível dos outros nutrientes e a integração com as demais práticas de manejo.
O palestrante também observou que a adubação nitrogenada tem alto custo e a eficiência de uso do N é baixa; os processos de volatilização de amônia e de lixiviação de nitrato são os principais determinantes da baixa eficiência de uso do produto pelas plantas de milho. Segundo ele, a aplicação da adubação nitrogenada em cobertura na dose e épocas corretas, o uso de ureia com inibidor da urease e a aplicação do adubo nitrogenado imediatamente antes da chuva ou da irrigação são estratégias de manejo que aumentam a eficiência agronômica do uso de N.
- O parcelamento da adubação nitrogenada é mais vantajoso em relação à aplicação em dose única, em anos com alta precipitação pluvial e em solos mais arenosos – concluiu.
Em seguida, a meteorologista mestre em Ciências Atmosféricas, Ludmila Pochmann de Souza, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto da UFRGS, falou sobre a “Perspectiva Climática Safra 2017/2016 e Balanço Hídrico – RS”. Ludimila abordou Balanço Hídrico Climático do RS; as anomalias de precipitação em julho de 2017; a causa da estiagem deste mesmo período e a previsão climática para agosto e setembro.
Mercado
Antes do almoço, foi a vez do economista chefe da Farsul, doutor Antonio da Luz, Mestre em Economia Aplicada e doutor em Economia, apresentar uma “Análise e Perspectivas para o Mercado do Milho”. Ele iniciou sua palestra fazendo uma análise do mercado do milho no mundo, a longo e curto prazo, apresentando a produção mundial de milho, projetando que em 2018, a produção deve reduzir, mas ainda se manter em patamares elevados; expôs os principais produtores de milho, onde o Brasil encontra-se na 3ª posição, depois de Estados Unidos e China; abordou o consumo mundial de milho; e os principais consumidores, estando o Brasil na 4ª colocação, depois de Estados Unidos, China e União Europeia.
Com relação à exportação mundial de milho, Antonio da Luz afirmou que mesmo com o excedente estimado para este ano, as exportações devem variar pouco em relação a 2016. Em 2018, se estima um aumento das exportações de milho, sendo que os principais exportadores de milho são Estados Unidos, Brasil e Argentina. A queda das exportações mundiais em 2017 deve ser estimulada especialmente pelo Brasil, resultado da queda da taxa de câmbio, previu. A projeção para 2018 é de aumento das exportações estimulado pela recuperação das exportações brasileiras. Ele mostrou ainda que, apesar do aumento das importações mexicanas, as quedas no Japão e União Europeia devem incentivar uma menor importação mundial. A projeção é de aumento das importações, uma vez que a União Europeia deve importar 15% mais.
Com o aumento do excedente de produção, estimado para 2017, os estoques finais devem se acumular, registrando aumento de 6%. Em 2018, com a projeção de consumo ultrapassar a produção, os estoques devem reduzir. Com produtividades elevadas, os EUA e Brasil devem ter estoques significativamente maiores em 2017. Em 2018, a queda produtiva estimada para a China deve fazer com que se recorra aos estoques para abastecer o consumo interno. Segundo ele, a estimativa de estoques maiores em 2017 refletiu nos preços, que apresentaram queda. A projeção de queda dos estoques já apresentou efeito nos preços, que valorizou desde a divulgação do USDA.
Antonio da Luz também fez uma análise do mercado do milho no Brasil a curto prazo. Segundo ele, os preços mais elevados no período que antecede o plantio estimularam área plantada maior neste ano. Apesar do aumento esperado para o aumento da área plantada, a produção deve ser menor em função da queda esperada para a produtividade. Sobre o consumo, falou que ele deve voltar a crescer em 2017, estimulado pela expectativa de melhora da economia brasileira. Em 2018, o consumo deve continuar aumentando, estimulado pelo aumento da demanda por ração.
Em 2017 se projeta um aumento da produção que deve ser superior ao aumento do consumo, aumentando o excedente de produção. Em 2018, apesar da projeção de produção menor, o excedente produtivo deve continuar sendo elevado. A queda das exportações deve se resultado da queda da taxa de câmbio. Em 2018, as exportações brasileiras devem voltar a crescer, apesar da queda estimada para a produção.
- Produção maior e exportações desaquecidas devem resultar em estoques de milho maiores no Brasil – alertou o economista.
A projeção para 2018 é de queda dos estoques, mas os estoques ainda devem permanecer em níveis elevados.
Encerrando o IV Fórum Norte Gaúcho do Milho, o professor doutor Erlei Melo Reis, engenheiro agrônomo, Mestre em Agronomia e doutor em Fitopatologia, professor titular da UPF, palestrou sobre “Manejo de Doenças na Busca de Altas Produtividades”.
Fonte: Emater