A Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) acaba de publicar estudo que quantifica os carotenoides presentes no tucumã-do-pará (Astrocaryum vulgare), palmeira típica da Amazônia. O trabalho, desenvolvido no Banco Ativo de Germoplasma de tucumanzeiros (BAG-Tucumã) da instituição, contribui para a produção de padrões comerciais indispensáveis em processos agroindustriais que agregam valor à matéria-prima.
Os frutos capazes de enriquecer alimentos com pró-vitamina A e antioxidantes provêm do BAG-Tucumã, que é uma coleção de espécimes da palmeira, localizado na Embrapa de Belém, onde as pesquisas estão em curso. Ainda em domesticação e pouco explorado pela indústria, o tucumã-do-pará é popularmente utilizado na alimentação humana e animal, na produção de polpa, sorvetes, picolés, sucos e óleos.
No trabalho foram analisados acessos (amostras) de 18 plantas diferentes, com frutos de cor laranja e, pela primeira vez, os amarelos. “As partes comestíveis do tucumã-do-pará têm um potencial enorme no mercado mundial de carotenoides, que movimenta cerca de 1 bilhão de dólares anualmente por meio de indústrias que utilizam a substância como pigmento ou suplemento de alimentos, rações, fármacos e cosméticos”, informa a química industrial e pesquisadora da Embrapa Laura Figueiredo Abreu, coautora do estudo que rendeu uma publicação técnico-científica recém-publicada: Prospecção e Quantificação de Carotenoides em Frutos de Tucumã-do-Pará.
Os carotenoides são pigmentos responsáveis pelas cores amarela, laranja e vermelha de vegetais. Além da origem natural, essas substâncias podem ser produzidas por via biotecnológica e sintética, atingindo valores de mercado expressivos.
“Em uma pesquisa como essa, que servirá de base para parâmetros comerciais, as fontes naturais da substância precisam ter origem conhecida, por isso trabalhamos unicamente com acessos conservados no BAG-Tucumã”, explica a autora.
De acordo com a pesquisadora, os exemplares do BAG-Tucumã figuram como uma fonte promissora e regular de material para enriquecimento de produtos com pigmentos naturais pró-vitamínicos A e antioxidantes, assim como para produção e disponibilização de padrões analíticos de betacaroteno e seus isômeros (compostos diferentes com a mesma fórmula molecular).
Boletim de Pesquisa
“Pela primeira vez, frutos de tucumã de cor amarela foram analisados, sugerindo um perfil de carotenoides diferenciado, que requer uma investigação analítica mais detalhada”, avalia a pesquisadora Laura Abreu.
Os detalhes da pesquisa podem ser conferidos na publicação da Embrapa Prospecção e Quantificação de Carotenoides em Frutos de Tucumã-do-Pará, da linha Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, disponível à sociedade em endereço eletrônico no Portal Embrapa.
Além de Laura Abreu, são também autoras a engenheira-agrônoma Maria do Socorro Padilha de Oliveira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, e as bacharéis em Química Tricia Noronha Cardoso e Kelly das Graças Fernandes Dantas.
As autoras revelam que os frutos de tucumã-do-pará do BAG-Tucumã apresentam uma ampla faixa de concentração de carotenoides totais, em que seis amostras se destacaram com teores superiores aos já reportados na literatura, tanto em relação a outras espécies de tucumã quanto a outras palmáceas.
Depois de coletadas no banco de germoplasma, as amostras foram levadas ao Laboratório de Agroindústria da Embrapa Amazônia Oriental, onde os carotenoides presentes na parte comestível dos frutos de tucumã-do-pará foram prospectados e quantificados
Fonte natural de carotenoides
O tucumã-do-pará está listado entre as mais ricas fontes naturais brasileiras dessa de carotenoide, juntamente com o buriti, dendê, macaúba/bocaiúva, pupunha, tucumã-do-amazonas, bacuri/ouricuri e umari.
O óleo da polpa, que é o azeite de tucumã, extraído da parte comestível do fruto (epicarpo e mesocarpo), chega a apresentar o dobro ou mais de teores de carotenoide que os detectados em alguns óleos de palma (dendê).
Há mais de 600 tipos de carotenoides na natureza. No tucumã-do-pará, apesar da quantidade de carotenoide ser reconhecidamente alta, as autoras observam que a variabilidade entre os indivíduos da espécie está relacionada a diferenças qualitativas entre os pigmentos. “Isso é perceptível pelas diferentes tonalidades de cores presentes nos exemplares estudados”, explicam.
“Os frutos do BAG-Tucumã têm um potencial de variabilidade que pode servir de base para a produção de insumos ricos em pigmentos com atividades pró-vitamínica A e antioxidante, além de padrões analíticos”, enfatizam as autoras.
Fonte: Embrapa