A Embrapa Monitoramento por Satélite concluiu trabalho inédito sobre a distribuição do valor da produção agropecuária pelas 558 microrregiões dos estados do Brasil. Conhecer a repartição territorial da riqueza agropecuária e sua concentração é de grande interesse e aplicação para todo o setor produtivo e de fomento. Na primeira etapa, a pesquisa analisou mais de uma centena de cadeias produtivas, vegetal e animal, em todo o país, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge). Em média, foram estudadas 58 cadeias produtivas em cada Estado da Federação. Em alguns estados a diversidade de produtos vegetais e animais se revelou menor, como em Roraima, com 27 cadeias produtivas analisadas, e, em outros, maior, caso da Bahia com 82 cadeias produtivas analisadas.
Para atenuar efeitos de variações anuais e gerar valores mais representativos, os pesquisadores calcularam a produção agropecuária com base em médias trienais. Foram amenizados, desta forma, os efeitos das flutuações anuais na produção e na produtividade (clima, preços e outros fatores). "No cômputo da riqueza da produção agrícola de uma região não se podem juntar toneladas de cebola, com caixas de manga ou litros de leite. A única forma de totalização está em sua conversão em valor", diz Lucíola Magalhães, coordenadora do estudo. A valoração ou precificação em reais das produções de cada cadeia produtiva estudada foi realizada na segunda etapa do trabalho. Os preços atribuídos seguiram uma serie de critérios e indicadores técnicos e econômicos nacionais e regionais para ajustes. As taxas de desfrute foram definidas para as diversas cadeias de produção animal.
Finalmente, também foi calculada a contribuição de cada cadeia produtiva na composição do valor total da produção agropecuária, identificando-se a parcela devida à produção vegetal e animal. Os bancos de dados numéricos estruturados na Embrapa ainda serviram à elaboração, para cada Estado, de mapas com a repartição do valor da produção agropecuária por microrregião e sua concentração territorial.
Aplicações
Num momento em que o sistema financeiro volta-se cada vez mais para o setor agrícola, o estudo da Embrapa indica qual a repartição territorial da riqueza produzida e as microrregiões que concentram os maiores valores, tanto para a produção animal como para a produção vegetal. Seus dados especializados podem apoiar, de forma mais eficiente, a implantação territorial de serviços de fomento agrícola, de fornecimento de insumos e redes de distribuição e abastecimento, bem como diversos serviços, com ênfase para o financiamento da agricultura.
Tais serviços nem sempre acompanham a dinâmica territorial da agropecuária, pois as áreas produtivas se deslocam em função de novos desenvolvimentos tecnológicos, logísticos ou oportunidades de mercado. O estudo permite confrontar a pertinência da localização atual dos principais produtos com a distribuição territorial da estrutura tradicional de apoio, fomento e fiscalização do Ministério da Agricultura. E pode contribuir para uma melhor realocação de recursos. Para a pesquisa agropecuária e os processos de inovação, o estudo indica onde estão territorialmente os maiores desafios para ampliar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção. Os bancos de dados gerados apoiarão novos estudos sobre renda e pobreza rural, além de trabalhos em Inteligência Territorial Estratégica, desenvolvidos pelos centros da Embrapa no país.
O trabalho contou com a participação do Dr. Fernando Garagorry, da Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Embrapa (SGI) e foi coordenado pela supervisora do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Embrapa (Gite), Lucíola Alves Magalhães da Embrapa Monitoramento por Satélite.
Os resultados encontram-se disponíveis no site da Embrapa Monitoramento por Satélite a partir desta terça-feira, 31 de maio, no link: www.cnpm.embrapa.br/projetos/reparticao_valor_producao/
Fonte: Embrapa
Fonte: Canal do Produtor