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ESTRATÉGIA DEFASADA

Apostar em redução ou até anulação de tarifas para abrir novos mercados no exterior é uma estratégia defasada e que o Brasil precisa eliminar das mesas de negociações com outros países. A afirmação é dos coordenadores do estudo “Impactos para o Brasil de Acordos de Livre Comércio com Estados Unidos e União Europeia”, apresentado nesta segunda-feira (09) pela Amcham e Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo os autores da pesquisa, os professores Vera Thorstensen e Lucas Ferraz, do Centro do Comércio Global e Investimentos da FGV, uma estratégia “moderna” precisa ser focada principalmente em derrubada de barreiras técnicas, não tarifárias e que respeitem padrões estipulados pelo cliente.

Vera Thorstensen, da FGV (Foto: Amcham/Divulgação)

- Tem um bicho nascendo que são os chamados padrões privados. Qualquer ONG maluca estabelece um padrão e a gente não consegue exportar mais nada. Temos um novo comércio com novas regras. Todo o trabalho que estamos fazendo é de coerência e convergência regulatória. O que quer dizer? Ninguém exporta nada se dentro do Brasil ou de outros países não tenha coerência nas agências regulatórias. Se tarifa já era e agora a grande barreira é técnica sanitária ou fitossanitária, temos que negociar isso. É assim que faz um comercio internacional moderno. Tarifa é um mito que precisa ser quebrado. O Brasil está sofrendo falta de competitividade porque está ‘treidando’ [comercializando] só com países menos desenvolvidos. Tarifa não protege ninguém – afirma Vera.

Para ganhar competitividade, afirmam os autores do estudo, é preciso importar muito num primeiro momento, o que no curto prazo poderia gerar déficits na balança comercial. Mas, no longo prazo, se exportaria muito mais.

- Hoje 11% das nossas exportações são insumos importados. Na Espanha, por exemplo, esse porcentual é de 26%, 27%. Na China, 35% – acrescenta Ferraz.

Agro na liderança

O estudo elaborado pela FGV traça diversos cenários de “casamento comercial” com Estados Unidos e União Europeia. Em todas as simulações, o agronegócio aparece como o principal setor beneficiado de uma liberação total de barreiras entre os países. No caso de um comércio com o bloco europeu, por exemplo, o cálculo considera aumento de 60,8% das exportações do setor produtivo entre 2016 e 2030. As importações representariam 36,4% desse total, indica o estudo. O avanço das vendas para os países do velho continente agregaria US$ 82 bilhões ao Produto Interno Brasileiro (PIB) por ano no período.

Já no caso de um acordo com os Estados Unidos significaria aumento de 9,9% nas exportações do agronegócio e 8,4% nas importações. Em valor, seriam agregados US$ 38,3 bilhões ao PIB ao ano até 2030.

Fonte: Revista Globo Rural

 



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