Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram que, embora decrescentes em relação ao mês anterior, os estoques internos das carnes de frango e de peru continuam entre os mais elevados da história do setor.
Falando do frango, especificamente: o recorde histórico parece ter sido atingido em abril passado, mês fechado com estoques próximos de 350 mil toneladas, volume quase um terço superior ao do mesmo mês de 2014.
O levantamento efetuado no encerramento de maio de 2015 mostrou redução de 3,5% em relação ao mês anterior. Ainda assim, as cerca de 335 mil toneladas estocadas no mês representaram aumento de 20% sobre maio do ano passado.
Mais significativa, porém, é a variação nos estoques de “leg quarters” (coxa/sobrecoxa). Representam o principal item exportado pela indústria do frango norte-americana e, por isso, são os mais afetados pelos embargos declarados ao país com os surtos de Influenza Aviária. Em 31 de maio último apresentaram aumento de 40% sobre idêntico mês do ano passado.
Não é por menos que a Índia, condenada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) a reabrir imediatamente suas portas ao frango dos EUA, pretende pedir um prazo de 15 meses para essa reabertura. Teme ver seu mercado invadido por uma “enxurrada de perna de frango barata, que vai quebrar a indústria avícola local”, como publica em seu caderno de economia o diário The Hindu.
Aliás, o temor com essa reabertura é tanto que o próprio governo da Índia, disfarçadamente, está pedindo ao empresariado avícola local que apresente argumentos capazes de reverter a decisão da OMC. É que, anos atrás (2007), ao embargar o frango norte-americano, o governo indiano adotou justificativa de caráter sanitário: a proteção de seu plantel avícola devido à ocorrência, nos EUA, de surtos de Influenza Aviária.
Sob esse aspecto, no entanto, o entrevero entre EUA e Índia é absolutamente sui generis. Cinco anos após o embargo indiano, os EUA entraram (2012) com pedido de “panel” junto à OMC. Que só foi julgado em outubro de 2014 sob o veredicto de que “as medidas [da Índia] eram muito restritivas, não se baseando em padrões científicos internacionais”.
O detalhe, aqui, é que essa decisão veio antes do grande surto de Influenza Aviária que hoje afeta a avicultura norte-americana. Mesmo assim acabou confirmada pela OMC no início deste mês. Ou seja: se antes a Índia não tinha motivos reais para o embargo, agora tem. Ainda assim, reconhecendo que os atuais problemas norte-americanos logo serão superados, o governo de Nova Delhi tenta encontrar outros caminhos para proteger sua avicultura.
Fonte: Avisite