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ESTIMULOS PARA A EXPODIRETO-COTRIJAL

No caminho de uma colheita em torno de 31 milhões de toneladas, a segunda maior produção da história, os agricultores gaúchos foram colocados à prova na safra 2015/2016. O salto nos custos de produção, a dificuldade de acessar crédito e a fúria do fenômeno El Niño no plantio das lavouras atordoaram os produtores em meio a um cenário econômico já turbulento no país.

Desafiados a driblar adversidades climáticas e conjunturais, são recompensados agora com a previsão de uma das maiores rentabilidades da última década – resultante de uma safra farta e do dólar no patamar de R$ 4. Mas, se a cotação da moeda americana cair – como ocorreu na sexta-feira, quando encerrou a R$ 3,71 – os ganhos começam a virar perdas.

A colheita de milho, que já ultrapassou 50% das lavouras, vem confirmando produtividade recorde, e com a expectativa de repetir uma boa colheita na soja, os agricultores que participam da Expodireto-Cotrijal sabem que, com ou sem crise, só há uma direção a seguir: produzir, e cada vez mais. É com esse sentimento que eles vão até Não-Me-Toque, em busca de tecnologia para garantir o rendimento das lavouras nos próximos anos:

– Preciso de um pulverizador autopropelido, aumentei a área, o meu antigo não dá mais conta do trabalho – conta Diógenes Mello Giovanella, 38 anos, que irá comparar as opções de mercado durante a feira.

Produtor em Santo Antônio do Planalto, próximo a Carazinho, no norte do Estado, Giovanella cultivou 516 hectares de soja neste ciclo. Diante do bom desenvolvimento das plantas, beneficiadas por chuvas regulares em fevereiro, espera colher em média 60 sacas por hectare. Com a saca de 60 quilos sendo vendida a mais de R$ 70, devido à cotação próxima a R$ 4 do dólar na conversão ao real, o produtor calcula que terá uma das melhores lucratividades dos últimos anos.

– É o ano de fazer caixa, pois não sabemos o que virá daqui para a frente – diz o produtor.

O otimismo de Giovanella é justificado também por ter comprado grande parte dos insumos da lavoura em março do ano passado, quando o dólar estava em R$ 2,90. Se a moeda americana estivesse nesse mesmo patamar hoje, a saca do produto estaria sendo vendida por, no máximo, R$ 56 no Rio Grande do Sul.

– Não seria suficiente nem para pagar os custos de produção. Boa parte do preço hoje não é da soja, mas do câmbio – explica Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.

O agronegócio é beneficiado também pela liquidez dos produtos agrícolas no mercado internacional, puxado pelo apetite mundial por grãos e carnes.

– O empresário do meio rural não depende apenas do mercado interno, o seu produto não está parado em estoques – detalha o economista.

Colheita farta pelo 4º ano consecutivo

Se confirmada, a colheita de soja deste ano baterá novo recorde de produção, superando as 15 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. Será o quarto ano consecutivo de safra cheia.

– A diferença é que o preço está melhor agora. Mesmo com custos maiores de produção, a rentabilidade tende a ser uma das melhores da última década para os produtores gaúchos – aponta Fábio Meneghin, sócio analista da Agroconsult.

Mas a decisão de investir em máquinas e equipamentos, alerta o analista, não depende apenas de bom resultado da safra, mas de disponibilidade de crédito no mercado. Há investimentos, no entanto, que precisam ser feitos para a engrenagem agrícola continuar rodando – de equipamentos a sementes, fertilizantes e defensivos.

– O produtor vai investir naquilo que é necessário, disso não tem como fugir, até porque ele precisa manter os mesmos níveis de produtividade para compensar os altos custos de produção – aponta o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estados (Aprosoja-RS), Décio Teixeira.

Ânimo trazido pela colheita com produtividade recorde

Se os produtores gaúchos tivessem uma bola de cristal, a safra de milho deste ano entraria para a história. Se confirmada a produtividade média recorde registrada até agora, de 114 sacas por hectare, a cultura deve alcançar quase o mesmo volume do ano passado – em uma área 8% menor.

A colheita cheia foi coroada por um preço de venda 45% maior do que no início do ciclo – com a saca de 60 quilos beirando os R$ 40.

– Se eu soubesse teria plantado muito mais – disse José Luiz Arocena, 46 anos, de Mato Castelhano, no norte do Estado. Com 56 hectares de milho, Arocena reduziu em 35% a área nesta safra para aumentar a lavoura de soja. Antes de concluir a colheita, toda a produção já estava vendida, a R$ 38 a saca.

Na Expodireto-Cotrijal, Arocena irá namorar uma colheitadeira, que será comprada agora ou, no máximo, em 2017.

– A tecnologia muda rápido e os períodos de plantio e colheita são cada vez mais curtos – conta.

As novidades em máquinas e biotecnologia são os grandes trunfos da feira em Não-Me-Toque.

– No agronegócio, as tecnologias se renovam a cada 14 meses, com inovações e melhorias que aumentam a eficiência da produção – destaca o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica.

E em ano de colheita cheia, o estímulo para investir é maior:

– Ao perceber o retorno direto da tecnologia, o produtor se anima. A média de produtividade foi altíssima, sem precedentes – avalia Claudio Doro, assistente técnico da Emater em Passo Fundo.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado (Apromilho-RS), Claudio de Jesus, o resultado deste ano deverá fazer com que a área destinada à cultura volte a aumentar, depois de anos de recuos consecutivos.

– O produtor de milho está capitalizado e disposto a buscar novas tecnologias – resume o presidente.

Fonte: Zero Hora



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