Os levantamentos da consultoria AgRural indicam que o plantio da soja no Brasil avançou 13 pontos percentuais nesta semana e atingiu 60% da área estimada para a safra 2015/2016. Os trabalhos estão atrasados em relação aos 63% semeados até a mesma época do ano passado e abaixo da média de 71% dos últimos cinco anos. O ritmo é mais acelerado em Mato Grosso do Sul, onde os agricultores já semearam 94% da área prevista.
O analista Fernando Muraro, sócio-diretor da AgRural, comenta que parte da região Centro-Oeste voltou a ficar quente e seca nesta semana, após as boas chuvas do início de novembro, o que preocupa os produtores, por causa do atraso no plantio. Muraro observa que apesar dos temores, muitos agricultores seguem com as plantadeiras em campo, apostando nas chuvas previstas para a próxima semana, o que justifica o avanço do plantio.
Segundo ele, em Mato Grosso, onde 77% da área foi semeada, algumas lavouras já têm redução de potencial produtivo. Na região do médio-norte mato-grossense há relatos de antecipação de ciclo, com talhões já florescendo em Ipiranga do Norte.
- Em Lucas, as áreas plantadas no fim de outubro sofrem com o tempo quente e seco, e fala-se em replantio de até 5% da área total – diz Muraro.
No sul de Mato Grosso choveu apenas em Campo Verde. Em Rondonópolis, talhões em germinação podem ter perda no vigor. No leste, o plantio segue lento devido à falta de umidade. Em Sapezal, no oeste, há dificuldade para o controle de lagartas.
Segundo a AgRural, em Goiás o plantio atingiu 66% da área prevista. Muraro relata que pancadas esparsas caíram no sudoeste. No leste, as máquinas pararam por alguns dias devido à falta de chuva, mas depois os trabalhos foram retomados na expectativa de bons volumes a partir deste fim de semana.
- Se não chover nos próximos dias, entretanto, podem ocorrer problemas de stand. Em Mato Grosso do Sul, 94% está plantado. As chuvas não estão regulares, mas a umidade é boa. Em São Gabriel do Oeste, há focos de percevejo marrom e broca em talhões mais secos – diz Muraro.
A AgRural comenta que umidade segue boa em São Paulo, onde 63% da área está plantada. Em Minas, por outro lado, o plantio atingiu 27% e segue bem atrasado. No Triângulo Mineiro, as chuvas voltaram a ficar irregulares. Em Unaí, no noroeste, alguns talhões semeados após as primeiras chuvas devem ser replantados.
A falta de chuva também mantém os trabalhos atrasados no Norte/Nordeste. Mas há previsão de bons volumes a partir da semana que vem. No oeste da Bahia, se não chover no fim de semana, as primeiras áreas semeadas podem ter problemas na germinação, avalia Muraro.
O levantamento mostra que na região Sul o problema é o excesso de chuva que dificulta o plantio. No Rio Grande do Sul 36% da área está plantada ate 45% na média. As chuvas já causaram estragos em algumas lavouras, diz a AgRural. Em São Luiz Gonzaga, há relatos de perdas por tombamento e alguns talhões serão replantados.
Segundo Muraro, no Paraná 84% da área recebeu semente e a safra vai bem, a não ser por focos isolados de doenças fúngicas nos Campos Gerais. No sudoeste e no oeste, a soja está começando a florescer. Em Cornélio Procópio, no norte, os trabalhos ficaram paralisados até a quarta-feira (11) devido às chuvas.
A AgRural estima a área brasileira de soja em 33,1 milhões de hectares, com aumento anual de 3%. A produção, baseada por enquanto na linha de tendência de produtividade, é calculada em 100,2 milhões de toneladas. A linha de tendência será substituída por estimativas de produtividade, de acordo com as condições de desenvolvimento da safra em cada estado, a partir de dezembro.
Fonte: Globo Rural