Arvore Nativa

ESPÉCIES NATIVAS DOS PAMPAS, QUANDO PLANTAR?

Produtores rurais do bioma Pampa contam agora com um material didático inédito para auxiliar na recomposição ambiental de suas propriedades. Trata-se do Bioma Pampa – Época de Coleta de Frutos e Sementes Nativos para Recomposição Ambiental, um calendário que indica, mês a mês, as épocas propícias para coletar sementes e plantar espécies nativas nas fazendas.

A publicação é fruto da pesquisa da Embrapa, com o apoio de instituições parceiras, e é um dos produtos do projeto WebAmbiente, ferramenta que ajuda o produtor rural a fazer a recomposição ambiental de maneira personalizada e organizou um banco de dados digital contendo informações sobre espécies e estratégias para adequação ambiental da paisagem rural. A tecnologia foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e com o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Por que restaurar a vegetação nativa?

Além da obrigação legal, a restauração de ecossistemas, principalmente daqueles localizados nas margens de cursos d’água (por exemplo, matas de galeria) proporciona serviços ambientais como a melhoria da qualidade da água e proteção da biodiversidade.

“A grande vantagem dessa prática é melhorar a qualidade do ambiente dentro da propriedade agrícola. E isso acaba gerando impactos para o próprio agricultor e sua propriedade, como também para outros agricultores daquela mesma região, que se tornam beneficiários indiretamente”, defende o pesquisador da Embrapa Ernestino Guarino.

O material dá suporte à regularização das propriedades rurais que não faziam a recomposição da vegetação natural, a fim de que possam recompor passivos ambientais, identificados no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

O pesquisador Ernestino de Souza Gomes Guarino, responsável técnico do calendário de coleta de espécies para o Bioma Pampa, explica que o material surgiu para guiar tanto coletores de sementes, como produtores de mudas, ao indicar a melhor época da coleta.

“Isso foi feito para todos os biomas do Brasil, e foi uma resposta da Embrapa a uma demanda do novo Código Florestal. Foi feito para esse público, para que ele saiba qual a época ideal para ir ao campo coletar sementes das espécies indicadas para restauração ecológica das diferentes formações vegetais de cada bioma brasileiro”, conta.

Segundo o pesquisador, essa estratégia é indicada para que o trabalho dos coletores seja otimizado.

“Algumas espécies têm maior demanda e é possível direcionar o trabalho para isso. Desse modo pode-se investir esforços na melhor época para fazer a coleta daquela espécie”, enfatiza.

O que encontrar no WebAmbiente?

O WebAmbiente é um sistema de informação interativo para auxiliar a tomada de decisão no processo de adequação ambiental da paisagem rural e contempla o maior banco de dados já produzido no Brasil sobre espécies vegetais nativas e estratégias para recomposição ambiental, colocando o agricultor como ator central nesse processo.

No site do WebAmbiente já está disponível o calendário de espécies dos demais biomas brasileiros. Ali, é possível acessar estratégias de recomposição ambiental, indicando diferentes práticas viáveis para restauração de ecossistemas. Há também um simulador de recomposição ambiental, uma página para seleção de espécies para restauração dos diferentes biomas brasileiros, um glossário com os termos usados para recomposição ambiental, vídeos explicativos sobre o tema e as perguntas frequentes feitas pelos internautas. O sistema foi desenvolvido pela Embrapa e pela Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), em cooperação com diversos especialistas de diferentes instituições parceiras.

O formato do calendário

A publicação está disponível, na forma impressa e em meio digital no site do WebAmbiente e foi pensada para ser utilizada em mais de um ano.

“Ela não é apenas para 2018. O calendário tem uma vida mais longa, pode ser utilizado em qualquer ano que a pessoa vá coletar sementes”, destaca o pesquisador da Embrapa Ernestino Guarino.

O material apresenta, mês a mês, todas as espécies de plantas nativas, co seus nomes científicos e populares, quais terão floração ou frutificação naquele período. Janeiro, por exemplo, é um dos meses que possui maior conjunto de espécies nativas do Pampa (cerca de 70). Nele está indicada a sequência de sete dias da semana para os próximos anos, e o agricultor pode fazer as anotações no dia da semana em que fez aquela coleta. Ou seja, o usuário pode usar o mesmo 15 de janeiro para fazer diversas anotações ao longo de anos.

“É uma grande agenda, na qual o agricultor vai anotar quando coletou a espécie e outras observações que ele julgar necessário registrar”, completa Guarino.

No fim do material há uma galeria de fotos, capturadas em viagens de campo da equipe de pesquisa, e informações baseadas em dados de bibliografia, incluindo o conhecimento prático de muitas pessoas envolvidas no trabalho.

“Nesse catálogo de fotos, o agricultor poderá ver a espécie nativa no campo, para saber o que ele está coletando, e fazer uma identificação correta”, conta.

O trabalho de resgate de informações começou em 2014 e contou com a colaboração de pesquisadores das Universidades Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB/RS), da Embrapa Clima Temperado (RS) e da Embrapa Pecuária Sul (RS).

Como tratar os passivos ambientais

Com a implantação do novo Código Florestal e a institucionalização do CAR, todo agricultor que fez o cadastro tem que recompor possíveis passivos ambientais em sua propriedade rural.

” Isso faz com que ele regularize a propriedade”, conta o pesquisador. Conforme Guarino, o cadastro permite que o agricultor tenha mais autonomia sobre sua produção e tenha mais conhecimento de sua propriedade e de sua região, podendo inclusive, usar o calendário para coletar sementes e para guiá-lo mostrando as espécies pelas quais ele tem interesse e quais plantas estão disponíveis em cada época”.

Guarino conta que o agricultor não fazia a restauração ou a executava de forma empírica, plantava o que tinha, com a disponibilidade de espécies no viveiro. Com isso, geralmente, ele não contava com muitas alternativas para escolher as melhores espécies ou as mais adequadas para determinados locais.

A ideia central desses materiais de suporte é que o agricultor se torne mais especializado e bem direcionado. Eles podem auxiliar também o técnico agrícola ou a pessoa responsável por fazer a restauração.

“Tendo esse conhecimento sobre o material existente em sua propriedade, o produtor também poderá ajudar os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente a verificar se estão sendo indicadas as espécies adequadas para aquela região”, prevê o pesquisador.

Fonte:  Embrapa



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