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ESCOAMENTO DE GRÃOS

A segunda etapa do Programa de investimento em Logística (PIL) 2015-2018, lançado semana passada pelo governo federal, pode representar um grande salto para a agropecuária brasileira, acreditam entidades e especialistas do setor. Mesmo que a totalidade dos R$ 198 bilhões previstos não saiam do papel, algumas obras pontuais podem modificar parte do mapa logístico do agronegócio, já que a maioria das concessões está concentrada na região da nova fronteira agrícola.

Do montante total, R$ 86 bilhões vão para ferrovias e R$ 66 bilhões para rodovias que serão construídas e/ou restauradas, abrindo novas rotas para o escoamento das safras de soja e milho nas regiões Norte e Centro-Oeste. Isso permitirá desafogar o fluxo nos portos das regiões Sul e Sudeste, dando mais agilidade ao transporte da produção local.

 – O programa poderá ampliar a competitividade do setor produtivo brasileiro, reduzir os custos logísticos e diversificar os modais de transporte para o escoamento da produção. A cada cinco anos, nós gastamos uma safra para escoar nossa produção. Mas é claro que existe um tempo entre o anúncio e a efetivação das obras e essa efetivação deve começar o quanto antes -aponta José Mário Schreiner, vice-presidente diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A área de ferrovias, que receberá o maior investimento terá seus recursos centralizados na região Norte e Centro-Oeste. Uma das obras mais aguardadas é a construção da ferrovia ligando Lucas do Rio Verde (MT) até Miritituba (PA). Com 1.140 quilômetros de extensão, o projeto tem investimento previsto de quase R$ 10 bilhões e servirá para escoar a produção agrícola do Mato Grosso pela hidrovia do Rio Tapajós. A novidade beneficiaria indiretamente os portos de Santos e Paranaguá, que não serão mais sobrecarregados com a safra vinda da safra do Centro-Oeste.

- É preciso fazer esse investimento maciço por se tratarem de duas regiões carentes – afirma Nilson Camargo, técnico especialista em logística da assessoria técnica da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).

O programa ainda prevê, na área de portos, a construção de 63 novos terminais de uso privado, 50 novos arrendamentos e 24 renovações.

- A produção de Mato Grosso poderá ser escoada pelos portos do Arco-Norte e assim desafogar os portos do Sul e Sudeste – afirma Wilen Manteli, presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP).

Precaução

A primeira etapa do PIL, ocorrida em 2012 e que previa investimentos na grandeza de R$ 200 bilhões, praticamente não vingou. Nenhuma das concessões previstas para portos e ferrovias chegou a sair do papel, e o plano para as rodovias sofreu vários cortes.

- A nossa visão é que este programa, diferentemente do primeiro, pode funcionar por mudarem o sistema de concessão – agora para outorga onerosa. O anterior [no qual vencia quem se comprometia a pagar a menor tarifa] era uma piada – afirma Camargo, da Faep.

O presidente da ABTP acredita que o novo sistema fará uma seleção automática dos envolvidos no processo, o que permite resultados reais.

- Creio que tudo vá andar bem agora e gerar desenvolvimento. Com o novo critério de escolha do vencedor das concessões, empresas sérias serão atraídas e não especuladores que não cumprem as promessas – diz.

Fonte: Gazeta do Povo



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