Para o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 2018 foi um ano desafiador para o agronegócio do Mato Grosso.
“Diante de todas as incertezas políticas, econômicas, variação do dólar, paralisação dos caminhoneiros e tabelamento do frete, 2018 foi um ano de muitos desafios para as principais culturas e refletiu diretamente no planejamento da safra 2018/19.
O setor de carnes foi o que mais sofreu com a falta de recuperação da economia brasileira, tendo em vista que o principal destino do produto são outras unidades federativas do país”, afirmou o superintendente do Imea, Daniel Latorraca, durante coletiva de imprensa promovida no auditório da Famato na última quinta-feira (13).
Segundo o presidente do Sistema Famato, Normando Corral, a perspectiva para o agronegócio mato-grossense em 2019 é de crescimento.
“A expectativa é boa, especialmente na principal base econômica do estado que é a soja, com demandas sempre crescentes. Mato Grosso tem uma história de superação, principalmente no agronegócio, embora ainda tenhamos muitos problemas que precisam ser solucionados como, por exemplo, as dificuldades no escoamento da soja. Mas temos diferenciais como a regularidade de clima, produtores rurais que sabem o que estão fazendo, que investem em tecnologias e que estão produzindo cada vez mais”, afirmou o presidente.
Na coletiva, Latorraca destacou os impactos da guerra comercial entre Estados Unidos (EUA) e a China, visto que a economia de Mato Grosso é toda voltada para exportação e produção de excedentes para outros estados.
“Isso impacta negativamente para nós, já que temos nos Estados Unidos um estoque muito grande de soja e isso pode se tornar uma tragédia. Portanto, tudo o que falamos em termos de agricultura permanece nas incertezas”, pontuou.
A expectativa para 2019, segundo Latorraca, é de que a economia brasileira retome o crescimento econômico para que o estado tenha uma boa performance, não somente na produção de carne para os frigoríficos, mas também para os laticínios.
“Para que a retomada da economia ocorra existem três fatores preponderantes: a reforma da previdência, a questão do tabelamento de frete que ainda não está resolvida e toda a tensão internacional que ainda está impactando”, salientou o superintendente.
Para o algodão, a estimativa é de crescimento na produção em 17%, com aumento da produção em pluma de 1,5 milhão de toneladas. Segundo Latorraca, a explicação que se dá ao aumento é o avanço da comercialização em 65% de toda a produção que já está vendida. O algodão de primeira safra começa a ser plantado ainda em dezembro e a partir de janeiro inicia a segunda safra, o que corresponde a uma boa parte da produção mato-grossense.
“Isso demonstra que os produtores conseguiram pelo menos travar o custo, o que não acontece na soja e no milho”, pontuou Latorraca.
Pecuária
Para o mercado de carnes, o Imea verificou que a grande expectativa está na exportação e no mercado interno. No caso da exportação, o estado não conseguiu fechar os números de 2018 de maneira positiva. Houve uma queda no acumulado de janeiro a novembro da exportação total de carne in natura no estado em comparação a 2017.
“Nessa comparação feita nacionalmente, as exportações mato-grossenses não cresceram, então o estado destoou do crescimento do Brasil, fator que pode ser justificado pela maior dificuldade logística enfrentada em Mato Grosso, principalmente durante a greve dos caminhoneiros”, esclareceu.
Com a consolidação da China (Hong Kong) e a volta da Rússia às compras, o Imea espera para 2019 uma recuperação nas exportações de carne bovina brasileira. Outro fator importante é a manutenção do dólar ao nível de R$ 3,80 que contribuirá para que as exportações aconteçam.
Da produção total da carne bovina em Mato Grosso, que já chegou a cinco milhões de cabeça abatidas até novembro, 75% se destina ao mercado interno e 25% vai para a exportação. Latorraca afirma que, mesmo com a questão do dólar, a abertura de mercados é fundamental para a sustentação do preço da arroba em 2019, mas o que se espera de fato é a recuperação do mercado interno brasileiro. Com a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), os brasileiros vão voltar a consumir mais carne por ano, já que esse consumo caiu muito nos últimos anos por causa da crise.
“Em suma, a expectativa é uma retomada do crescimento econômico e com a redução do desemprego, a demanda interna por carne se reaqueça para que tenhamos um ano melhor para o mercado da pecuária”, disse Latorraca.
Em relação à pecuária leiteira, a produção é diferenciada, com vários “atores”, sendo mais de 60 mil produtores, entre pequenos, médios e grandes. Mato Grosso tem uma grande produção de leite, mas vem sofrendo com o desaquecimento da demanda interna. Para 2019 a expectativa é de que tanto o leite como seus derivados voltem a ter crescimento. Esse ano, apenas o mês de outubro apresentou crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior.
Fonte: União dos Produtores de Bioenergia