Suino

EPIDEMIA DE PESTE SUÍNA CONTINUA NA ÁSIA

A Peste Suína Africana segue com uma das principais preocupações do mercado internacional e vem se agravando não só na China, mas em diversos países da Ásia. De acordo com o último levantamento da FAO, o braço da ONU para alimentação e agricultura, 4.166,770 milhões de suínos já foram mortos pela doença. São 427,205 mil animais a mais do que o último estudo da instituição divulgad em 27 de junho.

O levantamento, que segundo a FAO é baseado em dados de órgãos federais dos países, mostra que mais três focos foram identificados no Camboja, no Vietnã e na China, o que eleva o número de casos para 221 em todo o continente asiático.

O agravamento do surto se deu com mais severidade em território vietnamita, onde o número de porcos infectados passou de 2,6 para 3 milhões e onde são registradas 61 regiões sofrendo com a doença desde 19 de fevereiro, também de acordo com informações levantadas pela FAO. A China, porém, mantém sua posição como o país onde a epidemia é a mais grave. São 145 focos em 32 províncias. Mais de 1 milhão de suínos já foram descartados desde agosto último.

Há focos da doença identificados também na Coreia do Norte, na Mongólia e também no Laos.

Embora a FAO tenha corrigido seus números para cima, sua projeção ainda não coincide com os números levantados pelo mercado, uma vez que apenas os dados dos órgãos oficiais dos países foram considerados. De acordo com dados de agências internacionais, os números de suínos mortos e infectados pela doença seriam amplamente maiores.

Na última semana, o governo da China disse, em um comunicado oficial, continuar encontrando dificuldades para controlar a doença e que a epidemia, portanto, segue se espalhando pelo país. “A situação de prevenção e controle continua complicada e grave”, disse a nota oficial de Pequim.

Ainda segundo o comunicado, o governo tem buscado conscientizar os produtores com o objetivo de fazê-los adotar medidas que passam do controle do lixo ao trabalho de médicos veterinários, para evitar ou ao menos limitar que a peste se espalhe com ainda mais facilidade. Tais medidas devem ainda ser adotadas pelos governos da províncias.

Por outro lado, segundo o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, o governo esbarra em algumas atitudes ainda comuns entre os produtores, como dar restos de alimentos aos animais ou transporte de suínos em condições inadequadas.

No último sábado, o ministério chinês informou sobre um novo surto de Peste Suína Africana na região de Guangxi. O caso resultou na morte de um porco e infectou outros 42 em uma fazenda.

PESTE SUÍNA X DEMANDA POR SOJA

Com o agravamento da epidemia, o mercado continua especulando sobre os efeitos da doença na demanda por soja, principalmente por parte da China, a maior compradora mundial da oleaginosa. Desde a identificação dos primeiros casos, a nação asiática vem aumentando consideravelmente suas compras de carne suína.

Ainda assim, o consumo chinês de soja segue aquecido e assim deverá se manter, segundo acredita o analista sênior para commodities na Ásia da INTL FCStone, Darin Friedrichs, segundo noticiou o portal internacional CNBC.

“A taxa de moagem e a demanda por soja caíram em relação ao ano passado, mas ainda é surpreendentemente forte, considerando a quantidade de suínos que a China perdeu”, disse Friedrichs. “Se a China perder cerca de 40% ou mais de seus suínos, normalmente assumiríamos que a demanda de soja também cairia muito. Até aqui, porém, o recuo tenha sido de apenas algo entre 5 a 10%, o que é surpreendente”, completa.

A estatal chinesa Cofeed, ainda segundo o analista sênior da INTL FCStone, estima que o processamento de soja até aqui tenha recuado somente 3,6% no país.

A China tem feito ainda investimentos pesados em setores como o de frango e pescado cultivado como forma alternativa de suprir parte da lacuna deixada pela carne suína para a crescente demanda por proteínas animais do país.

E como explicou explicou o diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, em entrevista ao Notícias Agrícolas, essas são medidas que resultam em uma maior demanda não só por soja, principalmente em forma de farelo, mas também de milho.

Além disso, como salientou o executivo, no médio e longo prazo, a recomposição dos planteis não só da China, mas da Ásia de uma forma geral, também irão exigir que os volumes importados de soja se normalizem e possam ser até mesmo maiores para atender a todas estas necessidades.

Fonte: Notícias Agrícolas



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