Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal foram as regiões escolhidas para participarem do Projeto ABC Cerrado, que visa trabalhar direto com o produtor para fomentar a adoção de ações que reduzam as emissões de carbono.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) conta com o apoio do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, na sigla em inglês), que disponibilizou o aporte de US$ 10,6 milhões para a execução do plano, por meio do Banco Mundial. A medida foi divulgada ontem (16) durante evento na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
- Vamos trabalhar com quatro das tecnologias fundamentais do Plano ABC [Plano Agricultura de Baixo Carbono]: plantio direto, recuperação de pastagens, ILPF [integração lavoura-pecuária-floresta] e florestas plantadas. Dentro dessa lógica, construímos treinamentos de 56 horas para os produtores – explica o coordenador técnico do ABC Cerrado, Igor Moreira Borges.
Os temas citados pelo executivo correspondem às principais demandas dos agricultores nas regiões participantes.
Além da capacitação, serão feitos seminários regionais entre os meses de agosto e setembro, com lideranças da cadeia produtiva.
Borges lembra que uma terceira etapa, com foco em assistência técnica, será aplicada apenas aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás, visto que o orçamento não contemplaria os demais participantes.
- Faremos o treinamento de 15 técnicos de cada região e cada um vai dar assistência a 20 propriedades. A meta é atender 1.200 propriedades nesses quatro estados – comenta.
No campo
A pequena agricultora Francineide Alcântara, conta que observa os benefícios do reflorestamento desde quando adquiriu a sua área de, aproximadamente, 160 hectares localizados no município de Mimoso de Goiás (GO).
- Antes, a água da propriedade secava. Começamos a reflorestar e hoje a nascente aumentou. Conseguimos criar nossos animais, ter horta e plantar cana – diz.
No Matopiba, região que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia, um dos principais entraves é a degradação de pastagens.
Ao DCI, o consultor da Federação de Agricultura e Pecuária do Maranhão (Faema), Cesar Viana, afirma que o norte do estado teve um processo de colonização mais antigo, com áreas que contam, inclusive, com quilombolas. Lá, o índice de pastagens degradadas é considerado alto.
- Neste caso, o plantio direto permite a recuperação de pastagens degradadas com maior eficiência. Também cultivamos florestas de eucalipto que pode competir com a agricultura tradicional – ressalta o especialista.
Segundo Viana, a área destinada à agropecuária maranhense equivale a de Tocantins e é duas vezes maior que a do oeste da Bahia.
Plano ABC
Há pouco menos de um mês, o Ministério da Agricultura informou que seria realizada uma força-tarefa para implementação do Plano ABC ao longo do País, com ênfase no Norte e Nordeste. Na safra 2014/2015, de julho a maio deste ano, foram desembolsados R$ 3,09 bilhões. Segundo a pasta, estima-se que o ciclo encerrado no último dia 1° tenha atingido R$ 3,2 bilhões em contratações do setor, de R$ 4,5 bilhões disponibilizados no pelo Plano Safra.
Para 2015/2016, o montante de recursos do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) à agricultura de baixo carbono caiu para R$ 3 bilhões com juros de 8% ao ano. O médio produtor que apresentar projeto com as tecnologias do ABC terá taxas fixadas em 7,5%.
Segundo o Ministério, há entre 50 e 70 milhões de hectares de pastagens degradadas no Brasil e 107,9 mil com integração lavoura-pecuária-floresta desde 2011, quando começou o Plano ABC.
Fonte: DCI