A história de sucesso da agropecuária do Paraná, seus avanços, recordes e conquistas, é escrita por inúmeros agentes, cada qual com seu papel e importância. Dentre os diversos capítulos, um específico, onde está inserida a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Instituto Emater), merece destaque.
Responsável pelo serviço oficial de extensão rural no Estado, a Emater completa 60 anos nesta sexta-feira (20 de maio), com inúmeros motivos para comemorar. Ao longo deste período, a empresa desenvolveu papel fundamental nos avanços da agricultura e pecuária estadual, no uso de tecnologias sustentáveis no campo e mesmo na estruturação das cooperativas, desde as que faturam bilhões de reais/ano até as familiares, que nascem pequenas, mas são fundamentais para o homem do campo.
“O trabalho de extensão acompanhou todos os ciclos da agricultura no Paraná. Podemos dizer que a Emater participou ativamente da evolução da agropecuária estadual”, ressalta o presidente da entidade, Rubens Ernesto Niederheitmann, que ingressou na empresa no início de 1979, como extensionista na região de Ponta Grossa.
Sem nunca descansar, faça sol ou chuva, os profissionais extensionistas, peças essenciais no motor da agropecuária paranaense, são os disseminadores do trabalho educativo e contínuo junto aos produtores rurais dos 399 municípios do Estado. Atualmente, a Emater atua em dezenas de ações que ajudam a fortalecer o agronegócio estadual e, inclusive, desencadear ganhos para outros setores da economia.
“A preocupação sempre foi que o produtor tenha o maior retorno financeiro possível, pois isso melhora a vida das famílias no campo. Essa renda colabora para o comércio das pequenas cidades que acabam dinamizando a economia local”, reforça Niederheitmann. Atualmente, 80% dos 399 municípios do Paraná são considerados rurais.
Desdobramento
Nas décadas de 1970 e 1980, a Emater, por meio do profissional que ocupava o papel de assessor cooperativista, ajudou a estruturar as cooperativas do Estado. Hoje o sistema é o maior do país, faturando mais de R$ 60 bilhões/ano. Esse grupo de empresas tem influência direta no desenvolvimento agroindustrial do Paraná.
“Muitos presidentes de cooperativas que aí estão foram funcionários da Emater. No passado, a entidade atuou fortemente na construção das empresas, na época que tínhamos no quadro o assessor cooperativista. Hoje não temos a mesma participação porque aprenderam a caminhar sozinho”, relembra Richard Golba, diretor administrativo da Emater, mencionando José Aroldo Galassini, Valter Pitol e Irineu da Costa Rodrigues, atuais presidentes da Coamo, de Campo Mourão, Copacol, de Cafelândia, e a Lar, em Medianeira, respectivamente. No início das carreiras, eles foram assessores cooperativistas da Emater.
Nem por isso, o serviço foi deixado de lado. No momento atual, os profissionais da Emater atuam no assessoramento das mais de 300 cooperativas de agricultura familiar nas áreas de frutas, hortaliças, leite e produtos orgânicos espalhadas pelo Paraná. “Nós estamos juntos com esse segmento, que está crescendo. A característica da Emater sempre é a proximidade com o elo mais fraco. Conforme a estrutura se fortalece e começa a caminhar sozinha, nos afastamos”, pontua Golba.
Futuro
Para os próximos anos, a Emater tem um plano de atuação muito bem traçado. O objetivo é atuar fortemente nas formas de fazer agricultura de menos impacto, conservando os recursos naturais, a produção de alimentos seguros a preços acessíveis e o manejo de pragas. No segmento da gestão dos recursos naturais como solo, água e florestas, a entidade é protagonista de todos os grandes programas de governo em relação à preservação da natureza.
Um exemplo do sucesso é o projeto ‘Plante seu Futuro’, com apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR, que trabalha na conscientização dos produtores em relação ao uso racional de agrotóxicos nas lavouras. Nos campos participantes, a aplicação de produto diminuiu 50%. “A agricultura do futuro terá que ser de menos impacto. A Emater tem papel fundamental para atingir esse objetivo”, diz o presidente da Instituição.
O programa atua também na conservação do solo no Estado. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), 30% dos cerca de seis milhões de hectares cultivados no Paraná necessitam de intervenção imediata por conta da erosão. No curto prazo, caso o problema não seja contido, a produtividade das próximas safras de grãos pode ser comprometida.
“Hoje são 400 propriedades-referência que utilizam a metodologia [do Plante seu Futuro], e chamamos os vizinhos para fazer a difusão. A Emater precisa ser a coordenadora de projetos como esse e, em parceria com sindicatos, prefeituras e o setor privado, realizar o desenvolvimento integrado. A realidade precisa ser ampliada”, destaca Niederheitmann.
Para isso, é necessário reforçar o quadro de funcionários. Hoje são 1090, sendo 800 técnicos. A expectativa é contratar, no curto prazo, os 400 aprovados no concurso realizado no dia 2 de junho de 2014 e que ainda aguardam convocação. No passado, a empresa já chegou a ter 2,5 mil colaboradores.
Origem
A história da Extensão Rural no Paraná começou no dia 20 de maio de 1956, quando foi instalado o Escritório Técnico de Agricultura (ETA) – Projeto 15, por meio de um convênio firmado entre os governos paranaense e norte-americano. À época, o objetivo era melhorar a produtividade da agricultura.
A iniciativa deu certo e, ao término do prazo do projeto, a ONG Associação de Crédito e Assistência Rural (Acarpa) assumiu a continuidade dos trabalhos. Posteriormente, quando o governo do Estado assumiu a assistência aos produtores, a Acarpa deu lugar à Emater, que em 2005 foi transformada em autarquia, o Instituto Emater.
Comemoração
A diretoria da Emater programou uma série de eventos ao longo do ano para comemorar os 60 anos de criação da empresa. O pacote de festividades inclui exposição fotográfica, caminhadas rurais, cursos, palestras, entre outros eventos.
O ponto alto pode ser considerado o resgate do fusca utilizado na década de 1970 pelos extensionistas. Um modelo está sendo recuperado e preparado, exatamente como antigamente, para percorrer oito cidades polos do Estado ao longo dos próximos meses. Em cada local, o automóvel ficará dois dias para fazer a ativação da marca Emater junto aos produtores rurais e população.
Nas ondas do rádio
Parte significativa das seis décadas de história da Emater foi contada no rádio. No ar desde 1976, o programa O Homem e a Terra completou 40 anos ininterruptos no dia 10 de maio.
A origem do programa rural mais antigo do Paraná não tinha pretensões tão audaciosas. No longínquo ano de 1976, a Associação de Crédito, Assistência Técnica e Extensão Rural (Acarpa), atual Instituto Emater, criou o informe ‘Atualidades Seag’, transmitido em caráter experimental por uma emissora de rádio na região Sudoeste do Estado. A intenção era modesta, que os extensionistas pudessem divulgar informações gerais, data de reuniões e cursos. Porém, bastaram apenas três meses para o informe ganhar notoriedade e audiência e conquistar um horário fixo na emissora.
Atualmente, O Homem e a Terra é transmitido por 115 emissoras do Paraná, de segunda a sexta- -feira. Com duração de 10 minutos, o programa repassa, como se fosse uma simples conversa, informações e orientações, desde temas técnicos do campo até dicas de saúde. Experiências na agricultura paranaense, que obtiveram êxito também são relatadas. Assim como entrevistas com técnicos e/ou produtores sobre determinados temas.
Ao longo das quatro décadas, diversos apresentadores passaram pelo programa. No início, a apresentação era comandada por Reinaldo Camargo, sucedido por Sérgio Luis Pichetto. Além deles, outros profissionais como Paulo Netto, Raquel Rizzo e Clarice Rolim de Moura assumiram a cadeira de apresentador. Hoje, quem sintoniza ‘O Homem e a Terra’ escuta a voz do jornalista Ramon Ribeiro.
As gravações são realizadas diariamente no estúdio da Emater, em Curitiba. Posteriormente, são disponibilizadas via internet para as 115 rádios, sem qualquer custo — basta assumir o compromisso de transmitir o conteúdo sem qualquer interferência ou alteração. Essa rede de emissoras espalhadas por todas as regiões do Estado permite disseminar, de forma eficiente, as ações realizadas pelos extensionistas da entidade por meio de informações de qualidade e do interesse das comunidades rurais.
*Matéria publicada no Boletim Informativo 1345.
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Fonte: Sistema FAEP